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Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

A partir deste mês, o WAF passará a contar com uma nova rúbrica: Entrevistados do mês. Todos os meses será escolhido um "Waffer" e será uma boa forma para conhecermos um pouco melhor a pessoa e o artista entrevistado.

A entrevista para além de ser publicada no Worldartfriends, será também publicada em versão "papel" no jornal da corpos editora.

Para abrir esta nova secção escolhemos um dos membros mais brilhantes da nossa comunidade.

O Giradoff dispensa apresentações. É um dos membros mais participativos no Worldartfriends. Escritor de reconhecida qualidade e pessoa conciliadora.

Em breve irá editar o seu primeiro livro na editora Egoiste ( pertença do grupo corpos editora).

Adriana: O Giraldoff tem a escrita no sangue. Quando é que iniciaste esta paixão?

Giraldoff: Cresci perto de livros, poetas e tertúlias.
A minha infância foi marcada pela leitura. Devorava livros e chegava a ler mais de um por dia.
Começar a escrever foi uma inevitabilidade. A escrita foi, desde sempre, paixão.
O ensino também teve um papel fundamental (lembro-me de uma professora de português que tive no 1 ciclo (actual 5º ano) que incentivava muito a escrita).
De forma mais consistente e regular, escrevi muito (escrever é como quem diz) entre os 15 e os 26 anos.
Acredito que o momento da perda da inocência e da opacidade do sonho, é um dos que define o destino do escritor e do poeta.
Na adolescência muitos escrevem, a inspiração é quase natural.
Mas, no momento em que a alma fraqueja, muitos desistem de escrever.
Foi o que me aconteceu, durante alguns anos parei quase completamente de escrever.
No meu caso outro factor contribuiu: eu era (como ainda sou) bastante desconfiado da qualidade do que escrevo. Não de trata de imodéstia, talvez seja defeito.
(Esse é um dos motivos porque tento apoiar, comentando, todos os Waffers, nomeadamente aqueles que estão ainda em processo de criação de uma identidade própria na escrita).
Nos solavancos da vida, voltei, lentamente, a respirar a escrita. A precisar dela para viver.
Com o WorldArtFriends reencontrei, de forma definitiva, a minha escrita e renovei a minha paixão. Por isso, não posso deixar de agradecer o apoio e incentivo dos waffers que me fizeram acreditar mais no que escrevo.

Adriana: A tua escrita tem uma influência marcada pelas relações humanas. Pergunto-te qual é a tua musa de inspiração?

Giraldoff: Confesso que não tinha essa consciência. Mas acho a tua observação muito interessante e perspicaz (estiveste a ler o que escrevo, não foi? – risos).
Pensando no que dizes, dou-te absoluta razão. De certa forma é natural que assim seja.
A Justiça, o respeito pelos outros e a amizade são, desde sempre, princípios da minha condição.

Quanto á inspiração para a escrita, normalmente parto de um momento.
Pode ser uma frase, uma ideia, uma emoção, uma imagem, um som.
Às vezes esse momento é de tal forma intenso que a escrita flui como se fosse induzida de forma quase espiritual (muitas vezes, quando releio o que escrevo, a sensação é de surpresa, quase duvidando se fui eu quem escreveu).
Noutras vezes, não escrevo logo e esse momento fica suspenso e guardado.
Em qualquer dos casos, há sempre uma componente importante de trabalho literário.
Depois de escrever dou sempre muitas “voltas” ao texto inicial. Altero palavras, mudo a ordem das frases, uma ou outra ideia. Já me aconteceu alterar poemas quase por inteiro.
Para mim, o início e o fim de um poema são dois momentos marcantes, que o definem. Quando escrevo tento ter essa preocupação.
Uma coisa é certa, sem inspiração sou incapaz de escrever.
Como disse num poema, “o poeta é filho da musa”.

Adriana: Na inspiração da tua escrita, onde acaba a realidade e começa a imaginação?

Giraldoff: Gilbert Durand diz que “o imaginário é uma resposta à angústia existencial frente à experiência negativa da passagem do tempo”.
Na minha escrita, a imaginação tem um papel fundamental.
Mesmo quando as minhas letras se aproximam da realidade, esta veste-se no sonho.
Há, todavia, poemas em que a realidade cai de forma dura sobre a pena e derruba a ilusão.
A dor é uma poderosa fonte de inspiração.
Em qualquer dos casos, uma das características que reconheço na minha poesia é a presença, quase permanente e intencional, de uma história.
O mero esplendor da forma, não me satisfaz.
Escrever é uma forma de falar. A poesia é também uma forma de contar.

Adriana: A tua escrita é um instinto ou uma necessidade?

Giraldoff: Digo muitas vezes que não sou poeta mas que gosto de pensar que tenho alma de poeta.
Escrever é uma necessidade, sem dúvida.
Um imperativo da alma, sem o que esta sufoca.

Adriana: És apreciador e apologista das novas tecnologias como ferramenta de escrita. O que será que a próxima geração pensará desta geração de autores “online”?

Giraldoff: Escrever à mão ou ao computador é bastante diferente.
Desaprendi escrever á mão. Estou completamente rendido ao teclado, ao que não é alheia a imperceptibilidade da minha caligrafia.
Na voragem da inspiração, escrever no computador é quase angustiante.
As palavras surgem em catadupa sem que as consiga escrever todas.
Às vezes escapam-se algumas.
Mas, por outro lado, a escrita torna-se mais compassada, mais ponderada.

O mundo virtual e sites como o Waf são oportunidades fantásticas para divulgar a escrita e novos autores. Todos os dias são “publicados” na internet milhares de textos.
A próxima geração terá á sua disposição um espólio, em quantidade, bastante superior ao que nós temos.
Mas, como sempre, é a qualidade, nomeadamente daqueles que se destacarem, que vai determinar a apreciação.

Ficha Técnica

Obra Marcante:
“Os Putos” de Altino do Tojal, “O Estrangeiro “ de Albert Camus e o “Ensaio da Cegueira” de José Saramago, marcaram de forma profunda diferentes fases da minha vida.

Fonte de Inspiração:
O sonho persistente.

Filme Preferido:
“2001 – Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick.

Canção de Eleição:
“Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho (poema de José Niza).

A Imagem que Valeu Mil Palavras:
O primeiro segundo da vida de um novo ser.

Uma palavra para descrever a si:
Uma palavra: “Utopia”.
Uma frase: “Sou da raça dos desassossegados de nascença, sempre inquieto com a passagem do tempo, mesmo quando o tenho de sobra, caso em que pareço nunca saber o que lhe por dentro”. (José Saramago).

O Jantar Perfeito:
Ainda estou á espera.

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Comentários

imagem de singelo

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009:/para Giraldoff

Parabéns amigo:

Um optimo pontapé de saída nesta premiação que a gerencia do site faz à excelencia que por aqui anda.
A um poeta de mão cheia, felicidades, e um abraço.

imagem de AlexandraMCosta

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

Tecnicamente falando: é uma boa entrevista.
Sentimentalmente falando: agora entendo o "empurrão", quando leio o porquê do grande incentivo que dás. Agora que estou a conhecer o WAF, vejo a tua importância nesta comunidade!
Um beijinhos e mantém-te "nosso anjo da guarda". :-)

imagem de mariamateus

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

´RRRRRSS!!!
até q enfim, :hammer: encontrei espaço para lhe mandar um abraço. Estava a ver q não!!
Giraldoff, os meus parabéns.

ABRAÇO!!! ;-) :pint:

imagem de angelofdeath

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

E finalmente uma reconhecida homenagem a este homem que sempre incentivou, e já agora aproveito para felicitar-te pelo grande apoio que dás a este nosso grande site.

imagem de VeraSilva

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

Uma excelente surpresa ver-te como entrevistado Gi, mas sem dúvida, se há alguém que o mereça aqui, esse alguém és TU, pelas tuas qualidades literárias e também como ser humano!
Foi um prazer entrar neste site e descobrir-te. A tua escrita tem uma força e um sentimento, que levas o leitor precisamente onde queres, tens a capacidade extraordinária de nos guiar pelas tuas palavras, de emocionar, de sentir. O teu dom é uma mais valia para o site e também para o mundo da escrita. Espero brevemente ver (e ter) um livro teu, que possa desfolhar, ler, reler, e que todos te saibam dar o valor que tens (que é imenso, mais e bem mais do que tu poderás imaginar, já que sei da tua modéstia).

Beijinhos grandes querido Gi e muito sucesso

Vera

imagem de angelalugo

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

Olá amigo poeta

Já tive o prazer de ter em meus poemas alguns comentários
vossos os quais me deixaram muito feliz mesmo sem saber
nada de sua pessoa e agora que li a tua bela entrevista vou
ler mais os teus poemas li alguns os quais gostei imensamente
Você é uma pessoa linda culturalmente e poeticamente falando

Meus sinceros Parabéns a você pela entrevista e ao site pela
iniciativa

Beijinhos doces n’alma

imagem de Conchinha

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

Parabéns pela iniciativa da entrevista - muito interessante.

Qto aos entrevistados - o poeta, o amigo e o leitor, quase tudo dito, mas realço
-a qualidade da escrita;
-a presença e apoio na leitura;
-o amigo, que de braços abertos continua a receber cada novo poeta, demonstrando (mais que dizendo) que todos são bem-vindos.

Para mim, não é o Waffer de Maio, mas o Waffer de 2009 - o poster da página do meio ;-)

imagem de Solitudinis

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

Saudações!
Gostei imenso das perguntas, tão bem feitas, como das respostas, tão bem dadas.
Enquanto estava a ler, só pensava que eu e o Giraldoff temos muito mais em comum, em relação à escrita, do que eu sabia:)))
Quando o livro sair, há aqui um leitor ávido para o comprar ^-^
Desejo-te e a todos os waffers tudo de bom:)))

imagem de ÔNIX

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

Uma pessoa que gostava de conhecer. Um poeta que admiro, um homem que respira poesia e beleza.

Bjs

Dolores

imagem de Anonymous

Re: Entrevista ao Waffer do mês de Maio de 2009: Giraldoff

Após algum tempo ausente por motivos aleios à minha vontade, não é que regresso e depararo-me a deliciar-me com uma entrevista que não só pelo seu conteúdo como pela forma que é conduzida,toca os pontos chave das angússtias de quem escreve, contagiando ao mesmo tempo que nos liberta.
Tratando-se de Giral só podia ser assim. Uma vez mais salienta-se a forte componente humana que o caracteriza, fazendo dele, o que eu considero um ser humano de eleição, um poeta com alma.

Fico à espera desse livro...

Parabéns aos mentores desta ideia de "entrevistas do mês", muito interessante ficar a saber o que vai na alma dos entrevistados.

Beijo