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Convidado do mês Fevereiro de 2011: Sérgio Almeida

Convidado do mês Fevereiro de 2011: Sérgio Almeida
Sérgio Almeida (1975, Luanda, Angola) é jornalista desde 1993. Licenciado pela Escola Superior de Jornalismo do Porto, é jornalista da secção de Cultura do “Jornal de Notícias” desde 1999. Escreveu argumentos televisivos, foi professor de Teoria da Comunicação e coordenou o ciclo de conferências Cultura no Centro, no Dolce Vita Porto. É autor dos livros “Análise Epistemológica da Treta”, “Armai-vos uns aos Outros”, “Como Ficar Louco e Gostar Disso” e “Ob-dejectos”. Participou nas colectâneas de contos “São João do Porto” e “Fora de Jogo”. É membro do colectivo de intervenção poética Sindicato do Credo, autor da performance multimédia “Alba Só”, integrada no 10º aniversário da morte do poeta Sebastião Alba.
 
 
1- O que pensas acerca do panorama actual da literatura em Portugal?
2- Na tua opinião o que poderia ser feito para atrair mais leitores?
3- Qual o entrevistado que te deu mais prazer em toda a tua carreira?
4- Além de jornalista, és escritor. Fala-nos um pouco do teu trajecto enquanto escritor.
5- Quais os planos para o futuro
 
 
1) Há pouco tempo, no âmbito de uma reportagem, o escritor e crítico literário Miguel Real afirmou-me que a literatura portuguesa atravessa um período de ouro. Compreendo o seu ponto de vista: se os contarmos bem, há pelo menos meia dúzia de autores com inegável talento. E se, de cada geração, como nos diz a experiência, apenas resistem à passagem dos tempos não mais do que cinco ou seis autores, as gerações vindouras ficarão com a ideia que estes tempos foram invulgarmente ricos. Mas tenho as minhas dúvidas acerca disso. Exceptuando esse tal naipe de eleição (cujos nomes incluem não apenas os consagrados de fresco mas também outros, mais incógnitos, que, por motivos vários, não atingiram esse estatuto) o que impera é o repisar de fórmulas mais do que gastas, o seguidismo, os epígonos, o piscar de olho descarado aos tops de vendas... Gente a trilhar o seu próprio caminho, sem favores de grupinhos ou grupelhos, é coisa que não abunda, para ser franco.
 
 
2) A literatura não precisa de mascarar-se de 'cool' para atrair leitores à força. Porque, sejamos directos, os livros que realmente vale a pena ler são, em muitos casos, árduos, complexos e, por que não dizê-los, irritantes. Sim, irritantes. Na sua perfeição, antes de mais, mas sobretudo na indiferença face aos leitores, obrigando-nos a sair de nós mesmos para que possamos ter acesso ao seu magnífico conteúdo. Aborrecem-me deveras (o problema talvez seja meu, decerto) as tentativas tão em voga para que os livros possam, custe o que custar, ir de encontro aos leitores. Essa sofreguidão soa mais a desespero do que a estratégia de sedução. Uma coisa é a democratização da leitura – com a qual não poderia estar mais de acordo -, outra, bem distinta, é o nivelamento por baixo, a tentativa de adequar às regras do espectáculo algo que, por pertencer ao reduto secreto do indivíduo, deve ser descoberto na solidão.
 
 
3) Por mais que um jornalista puxe os galões da objectividade e da isenção, a verdade é que tendemos sempre a simpatizar com os autores com os quais existe uma grande afinidade literária ou ideológica. Recordo-me da emoção que foi para mim na altura (estava no JN há apenas um ano) entrevistar a Sue Townsend, autora dos livros do meu anti-herói preferido da adolescência, Adrian Mole. Ou do manifesto prazer que senti ao entrevistar Lazaro Covadlo, Eduardo Mendoza, Paul Theroux, Luís Fernando Veríssimo, Charles Reeve ou António Lobo Antunes, entre tantos outros.
 
 
4) Enveredei pelo jornalismo porque foi a forma que encontrei de viver da escrita. E, apesar das incertezas que rodeiam o jornalismo actual, não me arrependo até à data da opção. Publiquei até à data dois livros de ficção (“Análise Epistemológica da Treta” e “Armai-vos uns aos Outros”) e dois de prosa poética (“Como Ficar Louco e Gostar Disso” e “Ob-Dejectos”). Tenho material inédito para publicar, mas a sofreguidão ou a ânsia são dois dos (poucos) defeitos que não possuo.
 
 
5) Escrever, escrever, escrever.
 
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