CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Esperanças

Parte I
.
Quando te observo penso que os teus olhos são duas pérolas,
e por isso dou graças a Deus
por não seres deputada na Assembleia da República.
Atravesso-os num barco feito de papel talhado pelas minhas mãos,
e é com os cones da retina
que vês a palidez com que às vezes sinto a saudade.
Aquela saudade que é imensa
como um barco à vela que um dia construí.
Viajo no teu sangue
e sei que as pálpebras se fecharam atrás de mim.
O silêncio é dourado e a noite de cristal.
Vagarosamente entro no teu mundo à descoberta.
.
Hoje sei que estás triste. Eu próprio me sinto triste.
Parece que vão continuar a cumprir à risca
as promessas que tanto apregoaram na campanha.
Ou talvez seja por causa deste dia cinzento que acontece lá fora
e que à medida que vai passando pesa ainda mais.
Ouço o teu coração bater, frágil, doce, assustado, carente.
Ando à procura dele num frenesim louco.
Não admira, já que as leis tão perfeitas do nosso país
me deixam neste estado.
Os remos partiram-se quando virei à esquerda e à direita,
naquele que deve ter sido um soluço da tua alma.
.
Parte II
.
Há no ar um perfume de camomila que tenta acalmar-te.
Parece que a conta de electricidade sobe tão depressa,
como depressa corre o atleta Usain Bolt.
Guerreiros brancos atacam o vírus que se instalou na tua carne.
Embora não os consiga ver,
sei que eles te protegem ao máximo
e constroem muralhas para optimizar esse esforço de equipa.
Entendo tão bem.
O barco é maior que o universo
e eu continuo a viagem
com o firme objectivo
de te abraçar e proteger o coração para sempre.
.
Acordo. Olho pela janela,
com a noite cravejada de estrelas tristes.
Talvez porque te encontras do outro lado do céu
e não consegues iluminar-me como desejas –
chove no teu rosto.
Sinto-me perdido,
navego à bolina como quem toma as decisões,
e as velas do barco parecem rasgar-se no meu corpo.
Mas tenho fé.
Há uma força divina
que me deixa pousar as mãos nas pedras
e desenhar o teu nome.
.
Parte III
.
Às vezes, quando precisas de mim e não estou,
vou pelas ruas balbuciando o teu nome.
Há ministros que são mestres
na conjugação do verbo balbuciar.
As folhas das árvores caem no passeio
e os vidros das montras dos stands de automóveis
estão cheios de pó.
Deve ser por causa dos benefícios fiscais
que temos quando compramos um automóvel –
o carro fica quase de borla.
Nesses vidros desenho um sorriso: o teu.
Aquele que quero tornar eterno.
.
Os meus passos são incertos e eu continuo a pensar em ti.
Uma andorinha passa sobre um candeeiro apagado.
A câmara municipal
ainda não pagou a conta de electricidade deste mês que passou,
mas a luz virá na mesma quando chegar a noite.
Ainda bem que tenho velas em casa,
caso me esqueça de pagar a minha.
.
Parte IV

Tens medo da tua própria viagem.
Muito de nós temos medo.
Mas tu és o mar a que regresso hoje,
a que regressarei sempre.
Balançarás inquieta,
mas lançarei âncoras que te darão equilíbrio e conforto.
Com o meu voto
o medo há-de vencer eleições no coração
quando eu tiver sede a dormir.
A esperança infinita vencerá.
Hás-de abrir os olhos
após uma longa noite de sono tranquilo,
povoado de sonhos, cheio de sensações doces…
E vou estar do teu lado.
Vais dizer-me que nunca desistirás,
mesmo que tenhamos de escalar montanhas
de processos com páginas que duram anos,
e enfrentar vendavais. Vais dormir um pouco mais.
.
Parte V
.
O sol brilha.
A noite chegará a transbordar de perigos.
Parece que os pirilampos fardados
ficam a jogar às cartas, em maior segurança.
Acenderei uma fogueira para afastar esses seres felinos
que se querem aproximar de ti.
Incendiarei o meu sorriso com o calor do amor que sinto.
Este tornar-te-á imune.
.
Hoje há sobremesa. Faço-a em banho-maria,
enquanto lentamente e sem burocracias
te acordo com a carícia leve dos meus lábios no teu rosto.
Quando a noite chegar outra vez a praia acolher-nos-á.
As estrelas vão sorrir de alegria
e poderemos estender a toalha na areia, dar as mãos…
e respirar fundo.
Porque é possível vencer o medo.
Porque a esperança nunca morre enquanto acreditamos.
Talvez hoje acerte nos números e me deixe de importar com o spread.
.
Eu sei que os teus olhos brilham no céu. Infinitos. Com amor.
Tenho esperança.
Um dia destes resolver-se-ão ambos os casos.

rainbowsky

Submited by

sexta-feira, março 19, 2010 - 22:59

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

rainbowsky

imagem de rainbowsky
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 5 anos 4 dias
Membro desde: 02/20/2010
Conteúdos:
Pontos: 1944

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of rainbowsky

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Paixão Um barco no nevoeiro 0 1.574 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Geral Um ponto de luz 0 1.482 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Amor Xaile da madrugada 0 1.111 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Ingénua madrugada 0 1.499 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Meditação Jornal com alma 0 1.329 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Amor Lembranças inventadas 0 1.226 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Fantasia O anjo sonâmbulo 0 1.645 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Amizade O que te peço 0 1.083 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Intervenção O último gesto 0 1.215 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Meditação O voo do anjo 0 1.619 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Fantasia Panteras loucas com garras de zinco 0 1.332 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Desilusão Pura e nítida 0 805 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Tristeza Raio de luz 0 1.691 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Amor Saliência incondicional 0 1.337 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Desilusão Soldado de chumbo 0 1.803 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Intervenção A aparência 0 1.386 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Meditação A dança da lua 0 1.580 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Geral A flor e a bruma no espelho 0 1.469 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Amor A poesia 0 2.019 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Amor Acidente sentimental 0 1.781 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Meditação Atravesso a minha voz 0 1.073 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Casulo de estrelas 0 894 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Amor Chego a mim 0 1.505 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Geral Construção para um ser imperfeito 0 967 11/19/2010 - 19:27 Português
Ministério da Poesia/Intervenção Cortes de negro e claro 0 1.286 11/19/2010 - 19:27 Português