Tens de ler-me

Tens de ler-me.
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Secular graça em prato aberto.
De faca e garfo a letra contorno
junto à boca sôfrega de ilusão.
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Momento de descoberta na folhagem.
De copo em punho bebo a água frutada
crepitando suave em gomos complicados.
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Tens de ler-me.
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Não importa o anúncio na vidraça.
De guarda-chuva a nuvem sacia
a bagagem de planície interior.
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Na roldana ato o freio multicolor.
Puxas beje espaço adormecido
para a redoma empilhada.
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Tens de ler-me.
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Poupa a lixívia activa.
Vaza extraordinário o vago desconforto
destilado em tópicos desiguais.
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Semeia arame farpado.
Colhe sangue circular de polpa revestido
resgatado da palavra destroçada.
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Tens de ler-me.
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Cabelos negros presos num sono.
Gostosa balada submersa em perícia
baloiçando na respiração.
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Primorosa escarpa na nuca.
E esse beijo fosco de cometa
elaborando estrelas para o sorriso.
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Tens de ler-me
para que eu te possa escrever.

rainbowsky