Filho Pródigo
Tal como na parábola evangélica, os filhos partem da casa dos pais para conhecer os prazeres do mundo. Não pensam no que deixaram para trás nem em voltar para o abrigo familiar, só querem a emancipação, a liberdade e a aventura. Quando a desgraça se abate sobre eles, descobrem que afinal a casa onde viviam não era desprovida de conforto, de amor e mérito. Arrependem-se e decidem voltar para o lar donde sairam. Durante a nossa existência, acabamos por ser todos filhos prodígios, quando erramos e reconhecemos os pontos em que não procedemos bem, decidimos ceder, capitular em absoluto e direccionarmo-nos uma vez mais para a àrvore de que somos frutos, os braços que nos puseram no mundo e nos tornaram homens e mulheres tementes às leis naturais, às que antecipamos e previmos existir. A história biblica do fiho pródigo reporta-nos ao Génesis e ao mito da criação: Adão e Eva a serem expulsos do Paraíso após terem provado da maçã da árvore da sabedoria. Não resistiram à tentação da serpente e desobedeceram, tendo sido castigados por isso, inevitavelmente. Nem sempre o conhecimento equivale à ventura. Numa dimensão mais vasta, todos somos emanações do divino, destinados a identificarmo-nos com o Ser de que somos feitos à imagem e semelhança. Recebemos a herança do sagrado nos genes e vivemos com o propósito de tornar um só o que antes estava dividido, concedendo a César o que é de César, uma parte amostral do nosso universo e nada mais. Ao deixarmo-nos moldar pelo mundo das sensações, centralizamo-nos apenas no eu, na vontade de posse, na soberba e egoísmo e só quando passamos por situações de decadência e privações, percebemos que perdemos um bem que estava connosco e que pela nossa atitude caprichosa e ingrata, se desvaneceu temporariamente. Houve dons que foram desperdiçados, valores que não foram exortados como deviam. O regresso à nossa natureza é comovente, feito de perdão e compaixão. Fugimos para longe mas de repente invertemos o rumo e apenas pedimos clemência e piedade. Somos de novo puros e angelicais aos olhos de quem nos ama, redescobrimos o valor da fidelidade, do compromisso e do patriarcado. Ficamos enriquecidos, entretecidos pela experiência. O que não mata, torna-nos mais fortes. Chegámos aonde era suposto. Não há mais nada a saber.
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