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É o que vale!
Ordenei a minha fuga
Pus-me a milhas desta farsa
Agora sei o que quero
Aumenta em mim a loucura
Já tenho pernas de garça
Trago em mim um desespero
Uma vontade imperiosa
Não sou dada ao sossego
Lavro o trabalho que abraço
E cuido do meu aconchego
Desdobro-me em muitos eus
Cada um no seu lugar
E quando me sobra tempo
Escrevo tudo o que invento
Às vezes falo de Deus
Lembro-me de lhe agradar
O que vale é que agora
É tudo mais higiénico
Mais simples de manejar
Seca a roupa todo o ano
Já não há fraldas de pano
Nem penicos para despejar
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
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Poesia :
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Comentários
Re: É o que vale!
De facto, é como diz, Nanda.
Como sempre um bom poema, escrito
no cansaço do viver.
:-)
Re: É o que vale!
Tu és uma mulher admirável, Nanda minha querida setubalense, forte, genuína, perspicaz, atenta e não posso deixar de fora o fantástico sentido de humor!
Gosto imenso de te ler porque os teus poemas têm a capacidade de ser tangíveis de nos trazerem a nossa própria realidade e a dos outros, permitem uma empatia fantástica!
Cito esta parte, mas poderia citar todo o poema porque todo ele tem muito do q aprecio em ti!
"Desdobro-me em muitos eus
Cada um no seu lugar
E quando me sobra tempo
Escrevo tudo o que invento
Às vezes falo de Deus
Lembro-me de lhe agradar"
Beijinho grande em ti e bem-hajas!
Inês
Re: É o que vale!
Querida, esse poema continua depois que a leitura para. Aplausos. Levo. beijo
Re: É o que vale!
Nanda, das leituras que te faço, levo sempre um sorriso e uma ponta solta, para emendar meditações minhas... és a poetisa das coisas nossas, das coisas simples, das coisas simplesmente mais preciosas!
Beijinhos!
Re: É o que vale!
Pois, é o que nos vai valendo termos tudo mais higiénico para conseguirmos um tempo de agradecimento a Deus. Mas em segredo, em segredo te digo que ainda existem alguns penicos para despejar dos mais pequenitos valham-nos esses. Felizmente o resto é descartavel e ainda assim, somos obrigadas a arranjar pernas de garça eh eh!
beijinho
Carla