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Aqui jáz e daqui sairá jamais
Aqui jaz e daqui sairá jamais
Entre nós e a felicidade,
Sobre um vale transcendendo o profundo,
Oscila a corda efémera que é a vida.
Cada passo sobre essa é silencio incompreendido,
Como o vento soprando perdido;
Perpétua inconsequência de poder ser tudo,
Dorida resignação de ter que haver nada.
Do outro lado dessa ponte assombrada,
Acenando quase invisíveis, duas formas cativam os condenados
A entrar na sua morada armada
De tentações feitas do mesmo todo e do mesmo nada.
De um lado sorri-nos uma rica alma danada
E do outro uma alma pobre e condenada.
Damos mais um passo num equilíbrio desajeitado,
Qual bebe ensaiando os primeiros passos;
Teimamos nesse querer que nos supera,
Crendo que em cada cordeiro adormecido
Despertará uma nova fera.
Antes amedrontados, avançamos agora destemidos,
Erguendo alto a vara que equilibra a razão e a ignorância;
O passo lento e oscilante sobre essa
Corda distante, avança finalmente de encontro
A duas espadas afiadas que nos penetram
Friamente, num misto de dor imaginada
E de realidade que dói, mas não mata.
Do outro lado da ponte assombrada, as duas
Formas quase invisíveis ganham a forma por nós desejada
E ambas espadas pelos são embainhadas.
Agora, depois de vencida a distância assombrada,
Paramos numa bifurcação iluminada
De luz e escuridão:
Partir os corpos ao meio e avançar
Ambas metades pelos caminhos bifurcados
É a aposta mais segura, mas, mesmo assim, como em todos os jogos,
Qualquer aposta é sorte que não perdura.
Sobre a ignorância e a razão pesará apenas uma lápide
E um epitáfio que tantos sonhos encerra e moldura:
“ Aqui jaz e daqui sairá jamais.”
Marco Dias
Cumprimentos e boa sorte a todos para o que aí vem
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Comentários
Aqui jáz e daqui sairá jamais
Um belo texto, gosei muito!
Meus parabéns,
Marne