Stuck on the puzzle.

De todas as pequenas montanhas, com sorrisos de vento e encantos de luz, as peças encaixam ou não encaixam. Podemos também nos deixar perder no meio de todas elas ou então montá-las. Escalar montanhas, no final, já não é tão simples, mas pode ser mais fácil de entender e de aceitar. Se souberes que queres escalar a montanha, então vais escalá-la. Mas as peças continuam soltas. Não tens nunca apenas uma montanha. Porém, a culpa não é do vento ou dos deslizes. A culpa não é de ninguém, o que é de alguém é o sonho. Chegando a ele, não houve culpa, mas sim mérito. Mas mais do que tudo, foi preciso a montanha estar ali, pronta a ser montada em puzzle. Sorte e desafio. Escolhe o que para ti fizer mais sentido, mas aquilo que escolhes é o que te torna aquilo que serás depois da montanha. Se escolhes ou não peças simples, depende de ti. Se aceitas caminhos fáceis e chegas mais rápido, estarás lá primeiro, mas serás o primeiro? Mas se optas por lutar contra a montanha mais alta, não estarás nunca livre de montanhas altas, só porque a primeira se encaixou. A altura está sempre em relação. Não penses tanto, não há escolhas corretas. Mas há respotas corretas, basta pensar nelas. Pensar não implica acertar, mas não pensar implica um mais provável errar. Portanto, trabalha um pouco. Usa de ti, do que tens. Alguma coisa tens. E terás sempre. 
Tu entendes as montanhas, mas as montanhas não te entendem, estão à mesma altura para ti e para o teu colega. Portanto, a partida é a mesma, o pensamento já não. Uma música pode passar por ti, e partir. Uma música pode passar por ti, e ficar. A montanha pode passar-te pelo lado esquerdo e pelo lado direito, se te virares, no momento. Se não te viras esqueces que tens lado direito também. Aqui ou desistes sem pensar em te virar, ou voltas e viras-te. A escolha é tua. Os olhos são teus, e só teus. Portanto, é tudo uma questão de ver as montanhas e pensar.
Nunca vi as montanhas, mas olhei para os dois lados. Tropecei por olhar, mas se não tropeçasse não saberia me levantar, e hoje sei. A vantagem é que dou passos em frente, em vez de recuar. Posso demorar por me perder, mas perco-me sabendo que me perdi e que olhei. As montanhas eu sei onde estão. Elas nem sequer sabem quem sou. E provavelmente diferente não serei também, mas hei-de lá ir. Para pelo menos olhar e tentar. Eu gosto de olhar e a música passa por mim, e fica. De tudo fica um pouco e quando lá chegar será um pouco de tudo. Prefiro assim.
Todavia, não digo que não fosse melhor já ter chegado às montanhas. A questão é que não sei como seria se já tivesse chegado. Hoje o que sei é que ainda não cheguei, mas que tenho de chegar. Hoje sei mais do que ontem, e o ontem preparou-me para hoje. Vou devagar.
Se neste puzzle me tivessem logo dado todas as peças, o que montaria a seguir? Mas será bom ter sempre o mesmo puzzle para montar? É que eu gosto de olhar, mas não para a mesma peça dia após dia. Há um limite, e esse limite pode mesmo chegar à burrice e ao cúmulo da teimosia. Portanto, feliz daquele que também se esquece de voltar para o lado direito. Ou melhor, felizes são todos aqueles que sabem correr e parar.
Não há apenas uma, mas uma de muitas. Concentra-te no puzzle, mas não te prendas no puzzle.