Uma certa e razoável sujidade do amor
No encanto das coisas há implicito uma certa sujidade, uma certa sujidade da vida, uma certa e rázoavel sujidade do amor. O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos. Há no trabalho da reprodução da natureza uma sujidade legitima. O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. O encanto dos homens e das ruas, o encanto dos olhos e o encanto do coração é haver uma certa sujidade dos costumes. A imoralidade das palavras, a navegação dos dias, a ausência do tempo na suja ocupação da inutilidade dos poetas. A inutilidade de tudo é o sentido para não se invadir, para não se violar a tranquilidade dos pássaros e das árvores e das nuvens que passam no céu e que passam na admiração dos peixes e que estão no despertar e no adormecer. O encanto das coisas é elas terem a morte. A morte é a vida a sujar-se e o nosso renascer é um grito sujo, tão sujo como um rufar de tambores, tão sujo como uma paixão selvagem, um modo sujo de andar de crescer. O encanto das coisas não é elas terem fogo ou elas terem água. Não é o encanto das coisas haver solidão nas casas e cinza nos borralhos para santificar a agilidade dos gatos. O encanto das coisas é a contradição entre as mãos e os pensamentos. Na cinza do borralho a agilidade dos pensamentos. O encanto sujo das coisas é elas perderem o sentido de rumo absoluto. O sujo encanto das coisas é haver quem derrube muros, quem derrube leis. O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza. lobo 05
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2209 reads
Add comment
other contents of lobo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Pensamientos | a palavra dentro do corpo | 0 | 2.648 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Não estava nos livros essa angustia | 0 | 2.755 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Há aquele momento em que o gesto decide criar o mundo | 0 | 2.426 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Por cima do muro | 0 | 2.990 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Contos | A nuvem que é um anjo e que me quer levar para casa | 0 | 2.013 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | A fragilidade do mundo | 0 | 2.151 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Otros | desassunto | 0 | 2.820 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | O desafinador de criações | 0 | 3.263 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Os meus gastos dias | 0 | 1.655 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Deitou-lhe terra sobre os pés | 0 | 2.002 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Otros | gatos entre paginas | 0 | 1.473 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Vais começar a voar | 0 | 2.071 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | O que se pode fazer quando a noite dorme no teatro | 0 | 2.442 | 11/18/2010 - 16:32 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Em s Bento ou água benta ou atrevimento | 0 | 2.472 | 11/18/2010 - 16:27 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Os soldados mostram ás estrelas ferimentos de guerra | 0 | 3.054 | 11/18/2010 - 16:27 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | o entendimento completo da morte. | 0 | 1.678 | 11/18/2010 - 16:15 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | O corpo cansado descançou nos livros | 0 | 1.878 | 11/18/2010 - 16:15 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Agora é a água dentro dele que canta | 0 | 1.846 | 11/18/2010 - 16:08 | Portuguese | |
Poesia/Comedia | Faço a barba com a caligrafia dos poemas | 0 | 1.316 | 11/18/2010 - 16:01 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Esclarecimento | 0 | 3.036 | 11/17/2010 - 23:41 | Portuguese | |
Poesia/Comedia | Anda alguem a desacertar o relogio do mundo parte 2 | 0 | 2.068 | 11/17/2010 - 23:41 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Na rua havia homens feridos | 1 | 1.431 | 09/16/2010 - 16:32 | Portuguese | |
Prosas/Cartas | Carta | 1 | 4.026 | 09/15/2010 - 21:31 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Quebrasse o frágil vidro do relógio, | 2 | 2.673 | 09/11/2010 - 01:52 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Quero ouvir outra vez | 1 | 2.104 | 09/10/2010 - 03:52 | Portuguese |
Comentarios
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza.
Sem réstia de dúvida!!!
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
Gostei.
Na verdade "O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. ...
O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos."
Talvez seja esse o encanto da tua escrita.
Abraço