Uma certa e razoável sujidade do amor
No encanto das coisas há implicito uma certa sujidade, uma certa sujidade da vida, uma certa e rázoavel sujidade do amor. O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos. Há no trabalho da reprodução da natureza uma sujidade legitima. O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. O encanto dos homens e das ruas, o encanto dos olhos e o encanto do coração é haver uma certa sujidade dos costumes. A imoralidade das palavras, a navegação dos dias, a ausência do tempo na suja ocupação da inutilidade dos poetas. A inutilidade de tudo é o sentido para não se invadir, para não se violar a tranquilidade dos pássaros e das árvores e das nuvens que passam no céu e que passam na admiração dos peixes e que estão no despertar e no adormecer. O encanto das coisas é elas terem a morte. A morte é a vida a sujar-se e o nosso renascer é um grito sujo, tão sujo como um rufar de tambores, tão sujo como uma paixão selvagem, um modo sujo de andar de crescer. O encanto das coisas não é elas terem fogo ou elas terem água. Não é o encanto das coisas haver solidão nas casas e cinza nos borralhos para santificar a agilidade dos gatos. O encanto das coisas é a contradição entre as mãos e os pensamentos. Na cinza do borralho a agilidade dos pensamentos. O encanto sujo das coisas é elas perderem o sentido de rumo absoluto. O sujo encanto das coisas é haver quem derrube muros, quem derrube leis. O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza. lobo 05
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2058 reads
Add comment
other contents of lobo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Dedicada | Ó rua o que é que tens?! | 0 | 3.604 | 06/24/2011 - 09:15 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Pela rua anda um vestido a voar | 0 | 2.179 | 06/23/2011 - 17:49 | Portuguese | |
Poesia/General | Como vai ser daqui pra frente | 0 | 2.270 | 06/23/2011 - 09:31 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Está a arder o sol | 0 | 1.709 | 06/22/2011 - 18:07 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Com pau se fazia o brinquedo | 1 | 2.166 | 06/22/2011 - 17:29 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Há um poema atracado nas palavras | 0 | 1.738 | 06/22/2011 - 09:31 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Não sei se te volto a encontrar | 0 | 1.951 | 06/21/2011 - 18:36 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Agora te alcanço | 0 | 2.451 | 06/21/2011 - 15:55 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Eu não sei | 0 | 1.603 | 06/21/2011 - 14:47 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | A árvore cresce no cérebro | 0 | 2.673 | 06/21/2011 - 09:58 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Perdido entre tantos lugares | 1 | 1.844 | 06/21/2011 - 00:30 | Portuguese | |
Poesia/General | Foi encontrada num quarto de hotel | 0 | 2.383 | 06/20/2011 - 19:32 | Portuguese | |
Poesia/General | Foi aquela nuvem | 0 | 1.825 | 06/20/2011 - 11:58 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Esta paisagem entra nas veias | 0 | 2.008 | 06/19/2011 - 22:32 | Portuguese | |
Poesia/General | De que lado está | 0 | 1.650 | 06/19/2011 - 18:20 | Portuguese | |
Poesia/Erótico | Bebendo a poça de água está o cão triste | 0 | 2.429 | 06/19/2011 - 17:10 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | De onde somos | 1 | 2.053 | 06/19/2011 - 16:59 | Portuguese | |
Poesia/General | A poesia está no antártico | 0 | 1.426 | 06/19/2011 - 09:56 | Portuguese | |
Poesia/General | Esta luz esguia | 1 | 3.398 | 06/19/2011 - 03:03 | Portuguese | |
Poesia/General | A casa que fica dentro do corpo | 0 | 2.039 | 06/18/2011 - 19:20 | Portuguese | |
Prosas/Erótico | Não cheiro para não me seduzir | 0 | 2.968 | 06/18/2011 - 14:09 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A gente corre | 0 | 1.409 | 06/17/2011 - 23:45 | Portuguese | |
Poesia/Tristeza | Há quem fique atordoado | 0 | 2.157 | 06/17/2011 - 23:24 | Portuguese | |
Poesia/General | pelos telhados | 0 | 1.464 | 06/17/2011 - 21:19 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | O pecado da maça | 0 | 4.590 | 06/17/2011 - 10:16 | Portuguese |
Comentarios
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza.
Sem réstia de dúvida!!!
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
Gostei.
Na verdade "O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. ...
O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos."
Talvez seja esse o encanto da tua escrita.
Abraço