A Vegetariana Lulu e os Micróbios

Lulu cansou de ser "Animal-Pessoa".
Quis sair da Natura
e recusou comer outro bicho.
Definhou e emagreceu
enquanto pensava
que um animal salvava.
Talvez dois, três. Talvez uma salva.

Por que cismou que a morte
da planta é menor que a do bicho?
Quem lhe garantiu que Planta não sente?
(amanhã, os cientistas descobrirão que sim,
que sentem sim: piriripimpim o Micróbio bufão e chinfrim; e ademais,
falou o Micróbio Sagaz: as duas mortes estão
no seu batom, rímel e quetais; e a magrela,
falou o Micróbio Requenguela, é insolente, pois
se acha melhor que a gente. Na algazarra incipiente,
pôs fim ao burburinho do zé-povinho o Micróbio
Filósofo que disse: passemos para a outro estrófe!> e
o pseudo-poeta atendeu-lhe enquanto chupava
um bala Tóffe).

Continuou o Filósofo: companheiros micróbios e
companheiras bactérias; nada tem de suave
esse momento tão grave.
Por isso pergunto:

Será que ela têm boa intenção?
Ou não?
Será apenas comodismo, ou modismo?
Ou estará brincando de ser pobre,
que sempre está a beira do abismo?
Falou o Micróbrio "hermano":
"poco importa,
és todo lo mismo".

O diabo, retornou o Filósofo, é que
ela deixará de alimentar milhões de bichos
quando chegar a hora de seu abate.

Sim! Piriripimpim, disse o Bufão (e chato).
Aonde teria ficado sua carne?
Não sei, falou o Sagaz.
Não, não se sabe, suspirou o Requenguela
mirando sua vazia panela.

E volta o Filósofo: é certo que não temos
o garbo do boi pardo.
Mas somos bichos também!
Será que ela reduz seu corpo
porque somos bichos pequenos?
Mas até Camões já nos citou.
Não tenho culpa de ser como sou.

A palavra volta ao Sagaz:
por mim tanto faz;
mas se pudesse eu lhe diria:
não há, Lulu, como sair dessa roda
que a Natureza cria.
A minha morte (malditos antibióticos)
manter-te-á viva. Mas a tua,
alimentará bilhões de nano-animais.
Teus ancestrais, aliás.

Retorna o Filósofo: não se importe,
como já se disse, se somos microcóspicos.
Existimos!
(mormente nos trópicos).
Cuide de todos nós, isso sim.
(piri, cale-se!)

Não suporte que nos maltratem.
Prenda o Bípede-Domador na gaiola,
faça o Bípede-Latifundiário viver de esmola,
o Bípede-Torturador dos Rodeios ir para a Escola,
o Bípede Caçador endoidecer da caraminhola
e todos os outros Bípedes-Covardes
puxarem carroças nas manhãs e nas tardes.

E faça, principalmente, que a vida e a morte
do irmão bicho seja de tal sorte
que ele desfrute da primeira
e seja respeitado na saideira.
Que sua dor seja leve
e sua agonia seja breve.

Mas não se furte de transportar
a energia de cada um deles.
Cada morte têm que ter um motivo
e esse é o mais justo:
repassar a vida.

Submited by

Jueves, Julio 30, 2009 - 22:57

Poesia :

Sin votos aún

fabiovillela

Imagen de fabiovillela
Desconectado
Título: Moderador Poesia
Last seen: Hace 7 años 36 semanas
Integró: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Comentarios

Imagen de MarneDulinski

Re: A Vegetariana Lulu e os Micróbios

FabioVillela!

Gostei de seu Poema!

Mas dito tudo isso, o mistério dos mistérios continua!

MarneDulinski

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of fabiovillela

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Tristeza A Canção de Alepo 0 4.437 10/01/2016 - 22:17 Portuguese
Poesia/Meditación Nada 0 4.265 07/07/2016 - 16:34 Portuguese
Poesia/Amor As Manhãs 0 3.626 07/02/2016 - 14:49 Portuguese
Poesia/General A Ave de Arribação 0 3.746 06/20/2016 - 18:10 Portuguese
Poesia/Amor BETH e a REVOLUÇÃO DE VERDADE 0 4.458 06/06/2016 - 19:30 Portuguese
Prosas/Otros A Dialética 0 5.918 04/19/2016 - 21:44 Portuguese
Poesia/Desilusión OS FINS 0 4.032 04/17/2016 - 12:28 Portuguese
Poesia/Dedicada O Camareiro 0 5.365 03/16/2016 - 22:28 Portuguese
Poesia/Amor O Fim 1 3.943 03/04/2016 - 22:54 Portuguese
Poesia/Amor Rio, de 451 Janeiros 1 8.941 03/04/2016 - 22:19 Portuguese
Prosas/Otros Rostos e Livros 0 4.031 02/18/2016 - 20:14 Portuguese
Poesia/Amor A Nova Enseada 0 4.109 02/17/2016 - 15:52 Portuguese
Poesia/Amor O Voo de Papillon 0 3.102 02/02/2016 - 18:43 Portuguese
Poesia/Meditación O Avião 0 3.570 01/24/2016 - 16:25 Portuguese
Poesia/Amor Amores e Realejos 0 4.927 01/23/2016 - 16:38 Portuguese
Poesia/Dedicada Os Lusos Poetas 0 4.107 01/17/2016 - 21:16 Portuguese
Poesia/Amor O Voo 0 3.688 01/08/2016 - 18:53 Portuguese
Prosas/Otros Schopenhauer e o Pessimismo Filosófico 0 5.627 01/07/2016 - 20:31 Portuguese
Poesia/Amor Revellion em Copacabana 0 3.870 12/31/2015 - 15:19 Portuguese
Poesia/General Porque é Natal, sejamos Quixotes 0 3.573 12/23/2015 - 18:07 Portuguese
Poesia/General A Cena 0 4.052 12/21/2015 - 13:55 Portuguese
Prosas/Otros Jihadismo: contra os Muçulmanos e contra o Ocidente. 0 4.316 12/20/2015 - 19:17 Portuguese
Poesia/Amor Os Vazios 0 5.248 12/18/2015 - 20:59 Portuguese
Prosas/Otros O impeachment e a Impopularidade Carta aberta ao Senhor Deputado Ivan Valente – Psol. 0 3.603 12/15/2015 - 14:59 Portuguese
Poesia/Amor A Hora 0 4.993 12/12/2015 - 16:54 Portuguese