O Absinto
O Absinto
(Com o pensamento no falecido Jim Morrison)
Admirem a terceira dor que se completa,
A dose única que se esvai na órbita
O enlace maternal que na carne habita...
Glorifiquem o terceiro olho do poeta!
O oceano é verde
Nesta taça de cristal,
É tempestade, é vendaval,
É alucinação em seu flerte.
Absinto que sinto
No poente desvanecido.
Absinto que me inspiro
Na corrente de seu ácido.
Absinto que respiro
A sua seiva de delírio.
Afogado nessas águas me confluo
Para dentro do útero oceânico
Até cair no seu colo de seda ensopada.
Abra meus olhos verde fada
E sopre no meu pulmão o supérfluo,
Inspira de minha alma o suco
E seja minha musa doce e almiscarada,
Seja minha vida fria e lacrada.
Estou sentindo agora
O que outrora sentiste.
Tomara que tenhas amado a Vitória
Como um menino celeste
& perscrutado na suave história
Dum mundo mágico em riste.
Desistiu de rivalizar com o teu Real
Para desafiar o Pesar profundo.
Homem comum e com senso mortal
Que ofereceu sua dor ao mundo
Por amar somente sua realidade irreal
Dentro do ideal louco-fecundo.
Voz atroz e tênue
Entregue ao acaso num derradeiro limo.
Corpo de osso e carne
Na sucumbida fibra foi dar-se ao limbo.
Ludíbrio
Compassivo do lanho
Lírico.
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1615 reads
Add comment
other contents of Alcantra
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/General | Ode ao ego | 0 | 2.228 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Selo de poesia | 0 | 1.551 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Lua do Sul | 0 | 1.612 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Piso espelho | 0 | 1.469 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Captura | 0 | 2.433 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Lábios às costas | 0 | 1.515 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tume(facto) | 0 | 1.772 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Brilhância do meio dia | 0 | 2.448 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Emulação da candura | 0 | 2.478 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Outro | 0 | 1.979 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Dor de rapariga | 0 | 1.814 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Rubra Janela da tarde | 0 | 1.443 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Chão em chamas | 0 | 2.519 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Água Purpurina | 0 | 2.124 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Num bar | 0 | 1.964 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Seta esquiva | 0 | 3.038 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Uma noite na morte | 0 | 2.138 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Fios cerebrais | 0 | 1.766 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sem meios tons | 0 | 1.492 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Rios do norte | 0 | 1.833 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Vírgula et cetera | 0 | 1.320 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Novo eco | 0 | 1.341 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pés em fuga | 0 | 1.442 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Impressões | 0 | 1.404 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Ossos nossos | 0 | 1.746 | 11/19/2010 - 19:08 | Portuguese |
Comentarios
Re: O Absinto
"Homem comum e com senso mortal
Que ofereceu sua dor ao mundo
Por amar somente sua realidade irreal
Dentro do ideal louco-fecundo."
Gostei imensamente...
Re: O Absinto
analyra,
Obrigado!
Alcantra
Re: O Absinto
"O oceano é verde
Nesta taça de cristal,
É tempestade, é vendaval,
É alucinação em seu flerte."
GOSTEI...
:-)
Re: O Absinto
Absinto: a ausência consentida em cada gole. o engolfar dos sentimentos. antes que o horizonte se faça esverdeado, o copo, anterior ao tempo se esvai em goles festejados. Um primeiro e único copo. Ludibriar a si mesmo envolve a (ir)responsabilidade pelo acaso. Gostei muito do movimento existente em seu texto. Abraços, Pedro.
Re: O Absinto
Bom poema,
Boa inspiração absintesca..." Glorifiquem o terceiro olho do poeta!..." - essa visão, sensibilidade iluminada de quem procura a beleza e a tristeza nas coisas...
Abraço