Vivo do oficio das paixões
Vivo no ofício das paixões,
É ao entardecer que me julgo mais distante e pando,
Não há lá nem cá, nem cá estou, menos estou lá, sempre
Estou onde me penso mesmo, não por estar pensando,
Mas porque me lembro ao pensar, do que sei e sei sendo
Esse pensamento, como sendo de ninguém daqui, nem d'além
Tampouco, esse alguém que passou pra outro lado, passado,
Fumo, vantagem de uns poucos o pensar futuro, sentir nova
A quinta-dimensão, rápida a mudança de via interrupta para afiada,
Vêm visões sem conteúdo do outro lado, subvertidas,
Amotinadas, despenteadas eclusas de díspares destinos,
Anseio por instantes sem importância alguma, mas não
Que venham sentar-se comigo à terça, numa cadeira
Desdobrável, dessas de praia em verga, eu espetando alfinetes
De Vudu no entendimento, a função de todo o cabalista
É excluir tudo o que sabe para sentir que entender bem fundo
Sem ver o que está pra aquém e colide com o saber fundado,
A reclusão do conhecimento aprendido, como nos falaram
E que iria gerar um mundo novo, ornamentado a cores
De feira, vindo sentar-se ao domingo na missa, precisamente
Às nove e meia de um amanhecer que sempre seria brando,
Vivo na periferia de tudo isto e de tudo o que me liga
Ao real, vivo no oficio das paixões, gozo-as como se fosse
A transmutação de outro mundo em ouro com que se veste
A minha alma ou a inexistência dela, da razão de entardecer
Dos dias, os sentidos não só sentem, também entendem
O que afirmo e me excede apesar de apenas ver com o espírito
E ter perdido todos os outros sentidos, sinto-me medonho,
Como se fosse místico devoto a um Demogorgon da Babilónia.
Jorge Santos 12/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 5273 reads
Add comment
other contents of Joel
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/General | Ladram cães à distância, Mato o "Por-Matar" ... | 2 | 7.632 | 06/21/2021 - 16:22 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Morri lívido e nu ... | 1 | 4.976 | 06/21/2021 - 16:22 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sou "O-Feito-Do-Primeiro-Vidente" | 1 | 5.312 | 06/21/2021 - 16:21 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pedra, tesoura ou papel..."Do que era certo" | 1 | 11.806 | 06/21/2021 - 16:21 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Nada se parece comigo | 1 | 4.325 | 06/21/2021 - 16:20 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Quantos Césares fui eu !!! | 1 | 4.645 | 06/21/2021 - 16:20 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | "Sic est vulgus" | 1 | 7.086 | 06/21/2021 - 16:19 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Como morre um Rei de palha... | 1 | 6.766 | 06/21/2021 - 15:44 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Vivo do oficio das paixões | 1 | 5.273 | 06/21/2021 - 15:44 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Patchwork... | 2 | 5.413 | 06/21/2021 - 15:44 | Portuguese | |
Poesia/General | A síndrome de Savanah | 1 | 6.504 | 06/21/2021 - 15:43 | Portuguese | |
Poesia/General | A sucessão dos dias e a sede de voyeur ... | 1 | 9.765 | 06/21/2021 - 15:42 | Portuguese | |
Poesia/General | Daniel Faria, excerto “Do que era certo” | 1 | 5.963 | 06/21/2021 - 15:41 | Portuguese | |
Poesia/General | Objectos próximos, | 1 | 6.018 | 06/21/2021 - 15:40 | Portuguese | |
Poesia/General | Na minha terra não há terra, | 1 | 4.123 | 06/21/2021 - 15:38 | Portuguese | |
Poesia/General | Esquecer é ser esquecido | 1 | 5.383 | 06/21/2021 - 15:37 | Portuguese | |
Poesia/General | Perdida a humanidade em mim | 1 | 5.445 | 06/21/2021 - 15:37 | Portuguese | |
Poesia/General | Cumpro com rigor a derrota | 1 | 5.925 | 06/21/2021 - 15:36 | Portuguese | |
Poesia/General | Não passo de um sonho vago, alheio | 2 | 5.682 | 06/21/2021 - 15:36 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A sismologia nos símios | 1 | 6.146 | 06/21/2021 - 15:35 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Epistemologia dos Sismos | 1 | 4.667 | 06/21/2021 - 15:34 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Me perco em querer | 1 | 4.743 | 06/21/2021 - 15:33 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Por um ténue, pálido fio de tule | 1 | 5.515 | 06/21/2021 - 15:33 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Prefiro rosas púrpuras ... | 1 | 3.733 | 06/21/2021 - 15:33 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | A simbologia dos cimos | 1 | 4.718 | 06/21/2021 - 15:32 | Portuguese |
Comentarios
obrigado pela leitura e pela partilha
Obrigado pela leitura e pelos momentos em que partilho