Fatal

Fatal

Meu olhar é uma faca atirada
E cravada no peito de alguém.
Atingida, ela sangra e geme.
Moribunda, suspira e treme.
Eu a mato com um olhar de desdém.

Minha voz é uma bala partida
De uma arma de fogo fatal.
Fulminante, certeira. Não erra.
Em câmera lenta se enterra
Num peito vibrante, mortal.

Minha mão tem um ácido toque,
Que envenena a pele da vítima.
Sufocada, pede com languidez
Dos meus beijos a suave acidez
E reclama a carícia mais íntima.

Os meus gestos são armadilhas.
Minha lábia é suave trapaça.
Tenho o ardil de um predador.
Mas, o destino faz do caçador
Numa esquina qualquer virar caça.

Fatal, vou escolhendo meus alvos
Sem piedade, escrúpulos, pudor...
Mas, no final, quem matou e morreu;
Quem pagou pelos crimes fui eu.
Fui a irônica vítima do amor.