Árvore sentida

Árvore sentida

A minha árvore sentida atrás da casa
Quando saio ouço-a na voz do vento
em ramos negros e esguios balouçantes
Pede por mim, como se fosse minha Mãe
ao alto pelos raios de sol em borboletas

Pede por ela em agonia
curvada pelo peso do nó
Jóia maldita e baça oferecida
deformada pelas peças caídas
Alma do meu ser desmontada

O calor da árvore em chamamento
chega à minha mão em carícias
em dor, na união entre o negro ramo e o nó
em vergonha com as raízes no ocaso de uma lágrima
Silêncio quebrado pela língua húmida

E aí, chegam em tremores convulsões
sem massa, no olhar ofegante e absoluto
em olhos de infinita bondade
No chamamento de uma pata em som
choro desalmadamente