À minha janela

À minha janela, um cheiro doce
De graviola, flor e canela...

Pensei que fosse...
O cheiro doce, o doce do cheiro
Do hortelã?

De quem seria a fragrância
De teor alquímico jeito de criança
Em corpo divino
Formosa herança do céu em capricho.

De quem no agreste dança mais leve
Que o vento e a brisa do amanhã
Da flor celeste, fruto perene
Mel que me apetece e fica para sempre.

À minha janela, o vento a trouxe
A Mulher manhosa, cajuina em flor
De atrás dos cabelos olhos de fogo
Sumo de flores desfilando em cor

O seu breve cheiro queima tão ligeiro
Traz nele o perfume do primeiro amor.

Do perfume autêntico e de real tempero.
Sumo da cantiga que foi levada ao vento
Flor venal das ricas colunas do templo
Guarda ao véu a estrela do meu firmamemto.

Mulher tão dengosa e quente do manacá
Do cajá feito na goma de doce maná
Que o mundo trouxe para eu namorar
Misturar os nomes para dizer "vem cá!"

De uma flor com gosto de maracujá
De um chegar bem lento para eu descansar
De todo o tormento que a vida me dá
Livre como o vento sempre a encontrar.

Com a voz do vento, o sol tingindo a pele
Força de algemas, prisões de desejos
Amor tão disposto para me marcar
Transformando-me em outro por tudo que me dá

Que, fazendo o tempo inteiro parar,
Tornou minha vida recreio, playground para desfrutar...
De suas frutas doces de divino cheiro
Juntando as coxas e, um chamar sorrindo
Disputando à noite o não dormir inteiros.

E durante o sonho com a angústia cheio
Deitando na minha pele sobre os seus cabelos
Vindo ao meu colo, firme postos os seus seios
Fez arder meu peito e a carne tendo todos os seus desejos.

Prometeu surgir toda à noite em beijos
Bem junto e ao lado do meu travesseiro
Deitando das ostras sobre os meus membros
Deixando-me as pérolas no meu pensamento

Como Vênus, as uvas entre seus anelos
Na boca da noite, apagava velas
Fazendo-me a côrte junto à minha janela.
E agora eu sou o seu escravo belo.

É por isso dona entregue a seu servo
Dona e ainda musa em céu reluzente
Luz de um amanhã que procuro sempre
Futuro de luz no inverno quente.

Fez-me amá-la tanto, tanto quanto posso
Que, devendo ao sempre e de vez enquando,
O quanto agradecê-la devolver-lhe-ei em canto.

Dona de minha sina e do meu encontro
Com a luz divina, luz dos meus encantos
Dedico-lhe sonhos, dias dessa vida
Dos quais nunca mais eu quero ser dono.

Doce e Divina, cajú e mel em rosto,
Fruto que minha língua guarda em meu beijo
Ainda do amor o gosto.

Eu a entregarei o que me é valioso
Fosse ele o espelho que a tem ao rosto,
Ou meu violão, a partitura e o ouro

A capa e meu chapéu... entrego ao luar.
Junto à minha janela para te ver de novo
Onde planto o céu a te esperar...

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Sábado, Mayo 1, 2010 - 00:55

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brunoteenager

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