Cheers, Minas Gerais.

"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".

Mar sem fim - Amyr Klink

(...)

A maioria das minhas decisões surge de pensamentos que chegam sem avisar, nas horas mais impróprias. Por exemplo, hoje, quando estava dormitando, quase chegando naquele estado em que você perde a consciência, sabe? Daí o turbilhão apareceu de repente e esmagou qualquer chance de voltar a dormitar. Levantei. Tentei colocar meus pés no chão. Não conseguia decifrar o que eram todos aqueles pensamentos que me acordaram de uma vez. Porém, sabia que era um turbilhão forte e eu tinha que esperar ele acalmar um pouco para catar uns pedaços, juntá-los e, só assim, entender se era pensamento decisório ou viagem errada. Tudo muito estranho. Em minha vida nada é exato, hoje tudo parecia ainda mais abstrato. Fui andando zonzo até o banheiro, o turbilhão foi se assentando diante do espelho e, de uma vez, tudo fez sentido – queria realmente estar novamente na minha casa.

(...)

Os seis meses que eu passaria na terra de Kubitscheck tornaram-se dezoito e era hora de retornar. Belo Horizonte vai sempre continuar belo, tenho certeza. Belo Horizonte vai sempre continuar horizonte dos que, como eu, sofreram da crise de “¼ de vida”. Certo que quero apreciar outras vezes os fins de tarde em que o sol deixa o grande vale enquanto nos enchemos da bebida fermentada e de risos e filosofias baratas. Agora sinto que fico em dívida e, pelo menos uma vez ao ano, devo voltar como visitante daquela casa que se fez tão minha.

Espero que Minas Gerais não se importe, roubei a mais incrível maneira de não entender a vida. Não tenho como devolver! Apreendi também a esquecida sinceridade e integridade, ou pelo menos, a força da contínua tentativa de chegar o mais próximo do que elas realmente são...

 

Do, agora, também mineiro: Paulista.

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Viernes, Marzo 4, 2011 - 16:46

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brunoguilherme

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