Caderno Aberto

Abrir o caderno, ver a folha em branco, deparar-se com a falta de versos.
Abrir o caderno, rabiscar traços coloridos, deparara-se com a falta de versos.
Abrir o caderno
Encontrar-se com a pseudo-traição
Assentar-se na praça
Subir a avenida
Descer a mão
Levantar os membros.

Um caderno aberto revela traços mal formados a partir de uma ausência que empurra para o escuro das copulações sensuais. Não posso me recordar do tempo em que eu ouvia palavras elogiosas de meu desempenho, nem palavras infames de meu empenho.

Recordo-me do tempo em que a distância na presença me talhava. Lembro-me do momento em que a cama dividida tornou-se martírio e a cama dividida transformou-se em ânsia.

Ai! Como seria bom se meus encontros tornassem-se chamas perpetuadas em meu branco caderno!
Ah! Como seria divino se o Divino me resgatasse das infernais perturbações provocadas por um desatino que me acomete todas as vezes que um desorientado passa por mim.

Abrir o caderno, ver a folha em branco, deparar-me com a falta de versos, recorrer ao sentido platinado de minhas indecisões decididas.

28.07.09