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Cais
Estava só nos portos silenciosos,
Ouvia o canto das gaivotas,
Esperava o dia de você voltar
Dando pouco a pouco
Linha em minha vela.
Fingia pra mim
Que não queria nunca mais
Te encontrar.
Recebia mensagens em garrafas de vidro
Que quebravam
Ao tocar minhas mãos
Que sangravam
E manchavam o papel
Já molhado
Que marcavam minha vela
Que costurava.
Não conseguia lê-las
Jogava no mar
Sem se quer me questionar
Sobre aquele conteúdo
Que acabara de chegar de lá.
Oceano tranqüilo,
Tomado por tubarões
Impossível de atravessar,
Mas que aquelas cartas
Teimavam em chegar.
O desespero, de mim, tomava conta
Toda vez que parava de armar minha vela
Quando a noite baixava
Os portos escureciam
A esperança ia embora
Lá, junto da aurora
Que tinha me deixado só.
Adormeci.
Quando acordei em meu veleiro
Eu estava no mar,
E você longe, no cais a acenar.
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Ministério da Poesia :
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