CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
CANÇONETAS I
1
A Armania
Armania, de alvo rosto,
Encantador, divino,
Vagava junto á margem
Do Tejo cristallino:
Em torno á branda nympha
Se ria a Natureza,
Ufana em ter creado
Tão nova gentileza:
Zephyro, enchendo as rosa
De magoa, e de ciume,
Ia nos labios d'ella
Gosar melhor perfume:
Lindos, subtis insectos
A roda lhe adejavam
E os louros Amorinhos
De inveja os enxotavam:
Sobre o matiz dos prados
O deleitoso Abril
Tornava-se de vel-a
Mais ledo e mais gentil:
A flor, que pelo vento
Jazêra debruçada,
Erguia o tenro colo,
Dos tenros pés tocada:
Com rapidos gorgeios
O rouxinol, que encanta,
Para seguir-lhe os passos
Ia de planta em planta:
A nympha, que o pizava,
O chão se amollecia;
Cada sorriso d'ella
Abrilhantava o dia:
Dobrando a graça, o lustre
Do azul, etliereo véo,
No maior bem da terra
Se recreava o céo:
O Tejo namorado
Cedêra a urna de ouro,
Se Amor lhe désse em troca
Tão singular thesouro:
Tudo prazer sentia
Ao ver um tal portento:
O céo, a terra, as aves,
O rio, o sol, e o vento:
Mas o amoroso Elmano
Notando occulto a bella,
Colhia outros effeitos
Dos attractivos d'ella;
Vibram-se-lhe seus olhos
Envenenado tiro;
Por onde a frecha entrava
Saía-lhe um suspiro:
Eis que o menino Idalio,
Que aos tristes amadores
Cruentas serpes guarda
Entre mimosas flores ;
Ao som de um ai, que exhala
O mavioso amante,
Encara, vôa, e diz-lhe
Com rispido semblante:
«Dos Fados no volume
Este decreto está:
— Quem fôr mais estremoso
Mais infeliz será. —
N'isto revôa o nume
Da nympha para o lado,
Deixando em amarguras
Submisso o desgraçado.
Ah lastimoso Elmano!
O que ao traidor ouviste
Desterra vãos desejos
Para o silencio triste.
Mas sempre ardor interno,
Muda paixão te rale,
Que a perfeição de Armania
Os teus martyrios vale.
E se entre agudas garras
De acerbos desprazeres
A mil fataes combates
Teu coração renderes,
A linda mão, que adoras,
Em fim compadecida,
Talvez te doure a morte,
Se te escurece a vida.
Pode a teu ponto extremo
Illuminar o horror,
A bella a dôce Armania,
Astro do céo de amor,
Dize-lhe então, soltando
Os derradeiros ais,
Que antes morrer por ella,
Do que viver co'as mais.
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1472 leituras
other contents of Bocage
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XXV | 0 | 1.279 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XXVI | 0 | 1.876 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS IV | 0 | 1.312 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS V | 0 | 1.495 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS VI | 0 | 2.139 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS VII | 0 | 1.560 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS VIII | 0 | 1.206 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS IX | 0 | 1.322 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS X | 0 | 1.505 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XI | 0 | 1.703 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XII | 0 | 1.485 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XIII | 0 | 1.541 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XIV | 0 | 1.303 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CII | 0 | 1.353 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CIII | 0 | 1.365 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CIV | 0 | 2.256 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CV | 0 | 1.139 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CVI | 0 | 2.001 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CVII | 0 | 1.379 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CVIII | 0 | 1.133 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPIGRAMMAS CIX | 0 | 1.587 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | MADRIGAES I | 0 | 1.738 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | EPITAPHIOS I | 0 | 1.643 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS I | 0 | 1.844 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS II | 0 | 1.120 | 11/19/2010 - 16:55 | Português |
Add comment