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CANÇONETAS I

1

A Armania

Armania, de alvo rosto,
Encantador, divino,
Vagava junto á margem
Do Tejo cristallino:

Em torno á branda nympha
Se ria a Natureza,
Ufana em ter creado
Tão nova gentileza:

Zephyro, enchendo as rosa
De magoa, e de ciume,
Ia nos labios d'ella
Gosar melhor perfume:

Lindos, subtis insectos
A roda lhe adejavam
E os louros Amorinhos
De inveja os enxotavam:

Sobre o matiz dos prados
O deleitoso Abril
Tornava-se de vel-a
Mais ledo e mais gentil:

A flor, que pelo vento
Jazêra debruçada,
Erguia o tenro colo,
Dos tenros pés tocada:

Com rapidos gorgeios
O rouxinol, que encanta,
Para seguir-lhe os passos
Ia de planta em planta:

A nympha, que o pizava,
O chão se amollecia;
Cada sorriso d'ella
Abrilhantava o dia:

Dobrando a graça, o lustre
Do azul, etliereo véo,
No maior bem da terra
Se recreava o céo:

O Tejo namorado
Cedêra a urna de ouro,
Se Amor lhe désse em troca
Tão singular thesouro:

Tudo prazer sentia
Ao ver um tal portento:
O céo, a terra, as aves,
O rio, o sol, e o vento:

Mas o amoroso Elmano
Notando occulto a bella,
Colhia outros effeitos
Dos attractivos d'ella;

Vibram-se-lhe seus olhos
Envenenado tiro;
Por onde a frecha entrava
Saía-lhe um suspiro:

Eis que o menino Idalio,
Que aos tristes amadores
Cruentas serpes guarda
Entre mimosas flores ;

Ao som de um ai, que exhala
O mavioso amante,
Encara, vôa, e diz-lhe
Com rispido semblante:

«Dos Fados no volume
Este decreto está:
— Quem fôr mais estremoso
Mais infeliz será. —

N'isto revôa o nume
Da nympha para o lado,
Deixando em amarguras
Submisso o desgraçado.

Ah lastimoso Elmano!
O que ao traidor ouviste
Desterra vãos desejos
Para o silencio triste.

Mas sempre ardor interno,
Muda paixão te rale,
Que a perfeição de Armania
Os teus martyrios vale.

E se entre agudas garras
De acerbos desprazeres
A mil fataes combates
Teu coração renderes,

A linda mão, que adoras,
Em fim compadecida,
Talvez te doure a morte,
Se te escurece a vida.

Pode a teu ponto extremo
Illuminar o horror,
A bella a dôce Armania,
Astro do céo de amor,

Dize-lhe então, soltando
Os derradeiros ais,
Que antes morrer por ella,
Do que viver co'as mais.

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domingo, setembro 20, 2009 - 23:38

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Bocage

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