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A última fronteira do mundo
Eu morri e eu renasci e abri os meus olhos
Foi bem isso que cheguei a sentir
O vazio da existência por onde caminhei
Eu imaginei o mundo deserto um dia
Sem ninguém para destruir mais nada
E vi algumas almas perambulando sozinhas
Almas aladas em um profundo limbo existencial
Nada mais pode me assustar depois disso.
Tá entendendo o que eu digo?
Tenho quase certeza que não
Porque o lance que você ainda não consegue ver
É que o ser humano é um predador natural
O pior de todos, na verdade,
O que destrói pelo simples prazer de destruir
Que acha graça na desgraça alheia
Que sorri nas tragédias dos seus semelhantes.
Se observar bem vai ver uma coisa estranha
Boa parte de nós somos costas curvadas
Alguns com colunas envergadas, mutiladas pelo labor
Não sabem aproveitar o tempo livre
Porque só desejam alcançar lugares inalcançáveis
Pelo fato de não ser possível para quem quer que seja
Deixar de ter suas costas encurvadas
Sem que quebre alguns ossos importantes.
Há um mundo estranho por onde caminhamos
Um assombroso lugar cheio de terrores
Por onde perambulam pessoas ainda mais estranhas
Que ninguém sabe do que são capazes
Porque parecem mais com os parasitas que desconhecemos
E que nos assustam com suas feições paranoicas
Por mais que desejamos sair ilesos desse caminho
É preciso romper a última fronteira do mundo.
Eu, às vezes, paro e conto as horas
Ignoro totalmente os minutos e segundos
Quero um tempo para tomar um café e respirar um pouco
Porque a roda do mundo não para de girar
E não vou dar conta de resolver todos os problemas
A angústia e o medo me perseguem
Mas não posso deixar que coloquem suas garras em mim
A vida é bem mais do que viver com medo
E estar angustiado não faz parte dos meus planos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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