DECLARAÇÃO DE AMOR - DE MATUTO

Moça ocê ainda num deu fé,
Prucauso de quê minha procupação?
Num vê que de oi nocê,
Ta assim de gavião!
Arguns de zoim isticado...
Prucauso do teu andado...
De ave de arribação.

N’arguns deles ‘eu posso vê...
Um supiramento avexado.
Inté parece que eles tem...
Prumodi doce profundo agrado.
E pramodi de tê tua atenção...
Inté capais eles são...
De chama teu irmão de cunhado.

Moça ‘eu quase num durmo direito,
Tentano palavra incontrá.
Pra modi ti dizer que ocê,
É meu raim de luá.
Minha rosa de Saron,..
O recheio do meu bombom...
Meu ventim de bera-má.

Que quando to perto de ocê...
Minha noite vira dia.
A iscuridão que mim cega...
Cum ocê é pura puisia.
Que basta ocê mim querê..
Que coloco a procedê.
Toda as tuas fantasia.

Mais ocê é dispircibida...
Ou então fica se fazeno.
Enquanto dentro do meu peito,
Um bichim istá ruendo.
O meu probre coração...
Que carece da tua atenção...
Pra num vivê si mardizeno.

Moça ‘eu quero que ocê saiba,
Que tô disposto a luitá.
Que esse bando de gavião...
Pramodi ‘eu te conquistá.
Faze ocê tão feliz...
Que nem pomba im chafariz...
As pena a refrescá.

Basta ocê oiá pra ‘eu,
E mim dá um poquim de ligança.
Que é pramodi acendê no meu peito,
Um cadim di isperança.
Pramodi ‘eu vivê disprocupado,..
Que ôtro homi num terá dos seus agrado...
Pra vive da tua dependênça.