Desconcerto

Busco em imagens aquilo que não posso dizer.
As palavras são insuficientes.
Mas, se apenas de gestos e momentos fosse feito a vida,
As maiores canções não seriam escritas.
Por isso escrevo.

Meu coração é teu. E é pedra.
Meu coração é teu e do mundo inteiro.
Não há pedras pelo caminho... Há caminho entre pedras.
E há estilhaços de bombas sobrevoando meu pensar.
Mas se fosse apenas isso.

Meu pensar se distrai, desvai, me atrai.
Meu pensar e mais um milhão de letras:
Chão, leite, leito, sangue, inveja e rancor;
Medo, muito medo, e uma penumbra no escuro.
Medo de não pensar em mais nada.

Imaginar. Imaginar as coisas como são.
Impossível. Já não são. Eram.
Passado e presente se confundem no meu tempo:
Tempo de esperar, tempo de agir.
Tempo? Quem tem tempo é relógio: Sou paulistano.

Quem poderia me dar uma luz?
Fiat Lux... Nada adianta.
Qual Deus viu que isso era bom?
Eli... Eli...
Um Deus mais preguiçoso teria descansado no sexto dia.

Mais um café.
Mais um cigarro.
Mais um comprimido.
Mais uma noite de insônia e um pouco de medo.
O escuro é meu companheiro enquanto a manhã não chega.

Apenas tenho medo de tê-lo.
O riso me faz eufórico, pois sou assim.
Guarde um pouco de seus problemas para me contar depois.
Temos tanto para conversar
E o medo há de passar enquanto falamos futilidades cotidianas.

Metáforas, indiretas, diretas, frases prontas para desconsertar.
Um desconcerto de idéias que me passam a mente
E me calo quando te vejo. E só olho seus olhos.
Tenho tanto pra te falar,
Mas tenho medo. Tenho medo de ter medo.