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Fuga

Quanto tempo ainda tenho
Para perder jogando meu olhar
Pela janela coletiva e percebê-lo
Freado no cinza-sujo?

Quanto de mim ainda perderei
Na multidão só e petrificada
Que se preocupa apenas em morrer bem?

Quanto ainda irá crescer
Cidades, procissões, artérias podres
E vias duras que não chega a lugar nenhum?

O relógio rege rígido o rumor rancoroso
E rupestre da ror romântica e ridícula

O nada produzido às máquinas
Enche as nada-vidas em dias de nada

Acho no chão um metal
Levo-o ao ouvido
Escuto o mar que há em mim...
Ondas quebram
Sinto a areia sob meus pés nus
Um sol eterno me faz rir
Envolto a um calor de satisfação

Passa uma garota que não me olha
Porque não tem mais olhos
Mas sinto seus olhos negros
Infinitos de ternura
Que fogem de uma espécie de burca

Sinto sua pulsação de samba
Sua seda, mesmo perdida em trapos mentirosos
Sinto-a leve

Um beijo quer escapar, sinto...
Quente seu desejo quente, sinto...

Ela passa e o homem morto no bar
Estirado sobre vidros
Sente-a também
Acho

Ela se vai...

Leio gritos nas pedras
Que estão tatuadas no chão do cotidiano
Que está tatuado no tempo agora
Que não está tatuado em lugar algum
Mas foi marcado a ferro
Em minha lembrança

Um cachorro semi-vivo rasga meus restos
Na esquina dos heróis
Jogo a ele mais um pedaço meu
Ele cheira e vai embora, não quer

Crianças semi-mortas entoam
Cantigas de roleta-russa
Já brinquei com elas assim
E perdi...
Faz tempo, só não lembro quanto

O tempo faz tempo que passa
E de tempos em tempos
Me pergunto: quanto tempo já isso?

Não me vem respostas
Porque não quero mais respostas
Elas são nada mais que a morte
E preciso da dúvida, que é vida
Que impulsiona

Sou cercado de platonismos
Que me sepultam
Em mármore grego sagrado
E mitos mais humanos
Que os próprios humanos

Entre as verdades
Idealismos e utopias doentes
Sou só fuga
Desse horizonte cinza-sujo
Que freia meu olhar
De esperança
 

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segunda-feira, março 7, 2011 - 20:53

Poesia :

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André Alves Braga

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