Gato Chato

Com tantas vidas nasci para o gato que ata as meias aos meu dedos finos de azul de verniz, ele enrola a bola de metal junto da cortina aos gomos da noite insistida, escura e fechada antes do dia que as unhas do gato beberam cem gotas do leite em bigodes fartos, farto de esconder a boca confusa de som, o que às vezes percepto, outras perpétuo sem nunca desligar a retina da palma da minha mão direita, a do futuro, aquele que com o gato revejo lançado no tecido engomado da cortina inclinada ao sofá da noite de ontem.
Tem dedos chatos o gato, gordos pelo tacto.
Gato chato…