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A insustentavel dureza de Ser...

Não.
Não te perdoo.
Porque não há nada a perdoar,
as magoas já há muito que rumaram a sul,
juntamente com as outras aves migratórias...
E eu, que nunca fui nómada,
deixei-me ficar no azul dos meus sonhos,
a vasculhar se havia alguma coisa p'ra comer...
Não.
Não te ofendo.
Nem me prendo a provocações estúpidas,
porque as discussões só fazem sentido
quando gritamos ao ouvido de alguém:
OUVE-ME!
E eu tenho as cordas vocais delicadas...
E tu nasceste sem ouvidos...
Um dia,
há muito tempo atrás,
talvez ontem,
ou a semana passada,
ou há décadas,
nem sei...
Acreditei que havia um homem dentro de ti,
e agarrei-me a um destroço de esperança
com unhas, com dentes, com tudo...
Mas o destroço desfazia-se dentro da agua do teu silêncio...
E eu morri na praia, a olhar para ti,
mudo e sem reacção alguma...
Gritei por ti,
uma,
e mais uma
e mais outra
e outra vez ainda...
E Tu viraste as costas e foste fumar um cigarro,
enquanto poluías o teu ar, o meu ar morria...
E eu dividi-me e vi-me morrer,
deitei-me ao meu lado e chorei comigo,
porque não havia mais ninguém...
Limpei-me as lágrimas,
abri um buraco na areia,
com as mãos...
E sepultei-me o mais fundo que pude...

Inês Dunas
Libris Scripta Est

Submited by

quinta-feira, julho 15, 2010 - 22:53

Poesia :

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Librisscriptaest

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Comentários

imagem de Henrique

Re: A insustentavel dureza de Ser...

Acreditei que havia um homem dentro de ti,
e agarrei-me a um destroço de esperança
com unhas, com dentes, com tudo...
Mas o destroço desfazia-se dentro da agua do teu silêncio...
E eu morri na praia, a olhar para ti,
mudo e sem reacção alguma...
Gritei por ti,
uma,
e mais uma
e mais outra
e outra vez ainda...
E Tu viraste as costas e foste fumar um cigarro,
enquanto poluías o teu ar, o meu ar morria...

A desilusão aqui bem expressa!!!

Bom poema!

:-)

imagem de Sterea

Re: A insustentavel dureza de Ser...

Posso nem sempre o dizer, mas ler-te é sempre um assombramente. Maravilhamento. Sei que o (a) poeta é um instrumento das palavras, mas serve-as melhor, se polido pela força viva da nossa própria "insustentável dureza de ser". E acredito que tu sustentas as palavras de sentimento que por ser nosso, é teu, é de todos. E diz à sensibilidade de todos.

Beijooooo

imagem de Obscuramente

Re: A insustentavel dureza de Ser...

Desgraçado de quem te fez isso...

Diz-me quem é que vou lá dar-lhe uns tabefes ;-)

Beijo...

imagem de Lopez

Re: A insustentavel dureza de Ser...

E eu dividi-me e vi-me morrer,
deitei-me ao meu lado e chorei comigo,
porque não havia mais ninguém...
Limpei-me as lágrimas,
abri um buraco na areia,
com as mãos...
E sepultei-me o mais fundo que pude...

Tenho para mim, que uma boa conversa, começa com "Eu".
Adoro como caminha no papel, se torna algo irresistível.
Beijo pra ti Inês

imagem de CostaDaSilva

Re: A insustentavel dureza de Ser...

ainda ontem os silêncios martelavam-me pregos nas mãos , pregavam-nas a um corpo que só tinha ar por dentro. um silêncio, mais grave, martelou com força demais e o prego furou-lhe a pele. foi vê-lo desaparecer numa nuvem qual balão insuflado. desta vez morri com as mãos em sangue e os tímpanos rasgados pelo silêncio de uma sombra. amanhã só quero ouvir o canto dos pássaros

abraço

imagem de Dakini

Re: A insustentavel dureza de Ser...

E Tu viraste as costas e foste fumar um cigarro,
enquanto poluías o teu ar, o meu ar morria...
E eu dividi-me e vi-me morrer,
deitei-me ao meu lado e chorei comigo,
porque não havia mais ninguém...
Limpei-me as lágrimas,
abri um buraco na areia,
com as mãos...
E sepultei-me o mais fundo que pude...

Contrapondo com a "insustentável leveza do Ser", este é um modo de sentir e ver as coisas por todos os ângulos possíveis, até nada mais restar, a não ser viver o nosso fado até ao mais profundo de nós

Belo como sempre, Inês

Beijos

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