Mors-Amor, Antero de Quental

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

                            Antero de Quental

Hoje lembro Antero de Quental, representante de tão inspiradora geração , revolucionário das palavras, filosofo português , poeta no meio da multidão.

Tenho um sabor a orgulho , lendo estes poetas da Era Coimbrã , levam-me a imaginar-me no meio deles; sentada numa tertúlia pensando-me alguém no meio de iguais.