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O abutre

Escorre-me na alma o sangue
Vermelho vivo duma criança
Faminta, e há quem de mim mangue,
Porque a sua dor me alcança.

Em fartura, em conchas se fecham
Enquanto lhes aumenta a pança
Ignoram todos os que se queixam
Vivendo sem qualquer esperança.

Membros delgados, ventres inchados
E olhos negros esbugalhados,
De olhar a morte, já cansados.

E paira o abutre na fome
Sobre as peles e ossos deles,
Que já não mexem. Vai. Logo come.

Submited by

segunda-feira, abril 13, 2009 - 20:56

Poesia :

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MariaSousa

imagem de MariaSousa
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Título: Membro
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Comentários

imagem de Henrique

Re: O abutre

Bom poema, gostei de ler! :-)

imagem de Conchinha

Re: O abutre

Muito bom, num registo não muito habitual, em ti.

Força, gostei.

bjs

imagem de MariaSousa

Re: O abutre

Agradeço a todos os comentários e a interpretação do poema.

Confesso que o meu latim é péssimo e admiro a vossa facilidade em o utilizarem.

Bjs

imagem de Anonymous

Re: O abutre

Fabuloso Maria! tu sabes o quanto a poesia nua e crua me devora por dentro.

Beijo

imagem de KeilaPatricia

Re: O abutre

Original...

Muito bom

Gostei

bj

imagem de Anonymous

Re: O abutre

"A meditação profunda acentua a natureza real do objecto a respeito do qual meditamos, e faz com que ela penetre na alma daquele que medita."
(Ramakrishna)

Muito bom este escrito, obscuro (como eu adoro), carregado de simbolismo, muito bem delineado. Excelente mensagem noctívaga. Termino com uma frase latina.

"Morituros vivere vidi spe duce, victuros spe moriente mori"
Abraços

imagem de Obscuramente

Re: O abutre

Diz Gualterius Anglicus nas Fabulas que viu moribundos viverem, por terem a esperança como guia, mas viu morrerem pessoas que deveriam viver, por lhes ter morrido a esperança.

Mors atris circumvolat alis. A morte voa em torno com suas asas negras, como o abutre da Maria Sousa, como disse Horácio...

Muito bom o comentario :lol:

imagem de Obscuramente

Re: O abutre

Há realmente muita gente assim...

beijo...

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