O dia de amanhã

Fim, fim do fim,
da agonizante passagem do fim,
do que enfim me liberta de ti.
Mesmo sem querer.
Sem eu querer, ou teu querer,
fim afinal.
Dizias ontem que me amava...
Amo-te, mas passará.
Murchará e passará como as rosas 
que ficaram no parapeito de tua janela.
Ou como as páginas de minhas poesias 
que amarelam nas gavetas de tua mesa...
E o tempo virá, com ele o esquecimento
dos risos das tardes e dos momentos roubados
e das músicas compostas e desenhos e pinturas
que hão de ser esquecidas em casas de qualquer.
Eu, que pensava que eras tu
quem iria partilhar de minhas manhãs...
De meus dias e noites.
Que seria a musa eterna de meus poemas,
e a inspiração de minhas canções,
meu amor.
Agora não és mais nada, nem queres ser.
E agora eu sei o dia de amanhã.