CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
O Homem que Ninguém Libertou - Parte III - (O Que Veio Depois)
Nos dias seguintes, ele deixou de falar.
Não por trauma
Mas porque as palavras já não o reconheciam.
Tentava dizer “trabalho”,
Mas a língua endurecia.
Tentava dizer “dever”,
E o som morria antes de nascer.
As roupas começaram a incomodar.
Não como tecido
Como memória.
Ele as tirou, uma por uma,
Como quem arranca camadas de uma pele que não é sua.
Vestiu o vento, o barro, a chuva.
Começou a andar descalço,
E o chão o reconheceu como um velho amigo.
As pessoas olhavam,
Mas não viam mais um homem.
Viam um vulto estranho,
Meio bicho, meio silêncio,
Meio nada.
Numa noite sem lua,
Ele entrou na floresta.
Não uma floresta literal,
Mas uma feita de sombras internas.
Galhos de lembranças retorcidas,
Raízes de culpa e medo entrelaçadas.
Ali, no centro escuro,
Parou diante de uma árvore que não existia.
Ou talvez sempre tivesse existido,
Mas só pra quem já se despedaçou por inteiro.
Tocou o tronco.
O tronco respirou.
E então ele deixou de ser homem.
Não virou fera, nem santo, nem espírito.
Virou o que vem depois do nome.
O que existe quando o eu se desfaz.
Agora habita as brechas
Nos sonhos de quem duvida,
Nos silêncios entre as palavras,
Nas rachaduras dos que ainda acreditam no espelho.
Alguns dizem que ele enlouqueceu.
Outros dizem que finalmente despertou.
Mas a verdade é que ele se libertou tanto,
Que nem a liberdade o contém mais.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2699 leituras
Add comment
other contents of Odairjsilva
| Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post |
Língua | |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Poesia/Desilusão | Digo que é o vento | 7 | 136 | 12/01/2025 - 15:51 | Português | |
| Poesia/Dedicado | Ode ao Marco do Jauru | 7 | 264 | 11/01/2025 - 12:33 | Português | |
| Poesia/Desilusão | Libertação | 7 | 272 | 11/01/2025 - 12:32 | Português | |
| Poesia/Meditação | Os inúteis | 7 | 405 | 11/01/2025 - 12:30 | Português | |
| Poesia/Meditação | Caminhar entre pedras | 7 | 267 | 10/30/2025 - 21:50 | Português | |
| Poesia/Pensamentos | O fardo da vida adulta | 7 | 247 | 10/30/2025 - 21:49 | Português | |
| Poesia/Meditação | O incômodo da poesia | 7 | 178 | 10/30/2025 - 21:47 | Português | |
| Poesia/Pensamentos | Nos bancos escolares | 7 | 388 | 10/29/2025 - 21:55 | Português | |
| Poesia/Meditação | Até o limite do silêncio | 8 | 220 | 10/29/2025 - 21:54 | Português | |
| Poesia/Desilusão | No vazio | 7 | 270 | 10/29/2025 - 21:53 | Português | |
| Poesia/Meditação | O conhecimento | 28 | 409 | 10/29/2025 - 21:52 | Português | |
| Poesia/Paixão | Toque ardente | 7 | 196 | 10/28/2025 - 21:04 | Português | |
| Poesia/Meditação | Não faço barulho | 7 | 329 | 10/28/2025 - 21:02 | Português | |
| Poesia/Desilusão | O sonho não realizado | 7 | 259 | 10/27/2025 - 19:02 | Português | |
| Poesia/Intervenção | Luta cotidiana | 7 | 422 | 10/27/2025 - 18:57 | Português | |
| Poesia/Amor | Jardins de silêncio | 7 | 406 | 10/27/2025 - 18:54 | Português | |
| Poesia/Pensamentos | O mal está na letra P | 7 | 372 | 09/07/2025 - 13:07 | Português | |
| Poesia/Paixão | Desejos que ardem em silêncio | 7 | 347 | 09/06/2025 - 23:02 | Português | |
| Poesia/Pensamentos | Somos feitos de histórias | 7 | 524 | 09/06/2025 - 12:54 | Português | |
| Poesia/Desilusão | Resposta | 7 | 462 | 09/05/2025 - 18:08 | Português | |
| Poesia/Paixão | Um coração indeciso | 7 | 401 | 09/04/2025 - 17:50 | Português | |
| Poesia/Meditação | Mistérios | 7 | 389 | 09/03/2025 - 18:48 | Português | |
| Poesia/Amor | O que é o amor hoje? | 7 | 443 | 09/02/2025 - 17:40 | Português | |
| Poesia/Alegria | A beleza da poesia | 7 | 650 | 08/31/2025 - 12:02 | Português | |
| Poesia/Meditação | As maravilhas do mundo moderno | 7 | 477 | 08/30/2025 - 21:27 | Português |






Comentários
Visitem os
Visitem os blogs
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
www.meutestemunhovivo.blogspot.com
www.contoscacerense.blogspot.com
www.cinehistoriaojs.blogspot.com
www.belezacacerense.blogspot.com
Deixe o seu comentário e compartilhe!
Instagram: @poetacacerense
Visitem os
Visitem os blogs
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
www.meutestemunhovivo.blogspot.com
www.contoscacerense.blogspot.com
www.cinehistoriaojs.blogspot.com
www.belezacacerense.blogspot.com
Deixe o seu comentário e compartilhe!
Instagram: @poetacacerense
Visitem os
Visitem os blogs
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
www.meutestemunhovivo.blogspot.com
www.contoscacerense.blogspot.com
www.cinehistoriaojs.blogspot.com
www.belezacacerense.blogspot.com
Deixe o seu comentário e compartilhe!
Instagram: @poetacacerense
Visitem os
Visitem os blogs
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
www.meutestemunhovivo.blogspot.com
www.contoscacerense.blogspot.com
www.cinehistoriaojs.blogspot.com
www.belezacacerense.blogspot.com
Deixe o seu comentário e compartilhe!
Instagram: @poetacacerense
Visitem os
Visitem os blogs
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
www.meutestemunhovivo.blogspot.com
www.contoscacerense.blogspot.com
www.cinehistoriaojs.blogspot.com
www.belezacacerense.blogspot.com
Deixe o seu comentário e compartilhe!
Instagram: @poetacacerense
Visitem os
Visitem os blogs
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
www.meutestemunhovivo.blogspot.com
www.contoscacerense.blogspot.com
www.cinehistoriaojs.blogspot.com
www.belezacacerense.blogspot.com
Deixe o seu comentário e compartilhe!
Instagram: @poetacacerense
Visitem os
Visitem os blogs
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
www.meutestemunhovivo.blogspot.com
www.contoscacerense.blogspot.com
www.cinehistoriaojs.blogspot.com
www.belezacacerense.blogspot.com
Deixe o seu comentário e compartilhe!
Instagram: @poetacacerense