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OS SONS DO TEMPO
Ouço cantos conhecidos
Anunciando a alvorada
Canta toda a passarada
Tratando dos meus ouvidos
Que sofrem de bombardeio
Com barulho torturante
Que faz o meu semelhante
Quando fala do alheio
Ouço a mãe carinhosa
Com a voz aveludada
Dizer à criança amada
Que ela é sua mimosa
Ouço o choro de crianças
Em berçários ou favelas
E as orações nas capelas
Alimentando esperanças
Ouço gemidos de doentes
Nos hospitais, acamados
E gritos alucinados
De descontroladas mentes
O concerto de um tenor
Com a sua voz potente
E os gritos de um inocente
Nas mãos de um estuprador
Ouço o pranto silencioso
De quem sofre escondido
E a consciência de um bandido
Após ato criminoso
Ouço o sino chamando
Para a igreja, os cristãos
E o barulho das mãos
Aplaudindo e esmurrando
Ouço alguém que canta um hino
A broca em dente cariado
E a voz de um advogado
Que defende um assassino
O estampido de uma bomba
No quadro o raspar do giz
E diante do juiz
A testemunha que zomba
Ouço o tiro da espingarda
Num indefeso animal
O relincho de um bagual
A impaciência do que aguarda
Ouço o baixo linguajar
De quem não usa o respeito
E o meu coração no peito
Que dispara por te amar
Ouço o apito de um trem
Numa estação fantasma
E a voz de quem se engasga
Quando se lembra de alguém
O estrondo de tambores
Bruxas dando gargalhadas
E o tinido das espadas
Num duelo de gladiadores
Ouço Gandhi ensinando
Não usar a violência
E quem perdeu a paciência
Seus direitos reclamando
Gritos de olê na Espanha
Para os toureiros cruéis
E o sermão lá na montanha
Do Senhor para os fiéis
Ouço ecos do passado
Que revivo na memória
Vibrações pela vitória
Lamentos de derrotados
Pais chamando por filhotes
Cantos do navio negreiro
Meus irmãos no cativeiro
E o sibilo dos chicotes
Ouço uma voz conhecida
Sussurrando em meu ouvido
Querendo dar um sentido
Para continuar a vida
Da qual é seu próprio algoz
Por si mesmo condenado
E descubro espantado
Que é a minha própria voz.
Sérgio da Silva Teixeira
BAGÉ/RS/BRASIL.
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