Sem ver

Que fazemos chegados aqui !
Cruzamos os braços?
Partimos?
Nesse adeus tão adiado

Chegados aqui
Restam nossos corpos
Algo curvados
Teus olhos negros
Dizendo
Em tua boca muda
Aqui chegamos é certo
Mas também aqui
Percorremos lugares, memórias
Lágrimas que escondemos
Atrás das portas
Mas olhamos
E nosso olhos
Conhecem nosso olhos
São nossos.

E nossos corpos
Mesmo não tocando
Conhecem cada curvatura
Que lhes é própria

E,
nosso cheiro inconfundível
Tudo nos diz...e sorrimos

No percurso lato do percurso
Sabemos, eu sei
Que nos olhamos
Mas,
por teimosia
Rispidez dos dias
Esquecimento
Olhamos
E não dizemos.
Esse jogo da macaca
O esconde esconde
O carro de rolamentos
Que tanto falas
Tudo isso olhamos
Tudo  isso amamos
Não só tu, não só eu
Mas os dois...olhamos

Percorrer teu corpo
Feito roteiro
Em minha vida
Mesmo não  to dizendo
Mesmo adormecido
Em teu corpo

Tudo isso olho
Tudo isso sinto
Mesmo na amargura
Que certos silêncios têm
Mesmo na lonjura
Que nossos braços
Não alcançam
Até aí olhamos
Mesmo que a socapa
Ofereço-te estas margaridas
Olhando