VÊ-LA SEMPRE NA RUELA

Caminhando pela ruela,
um vaso em cada janela,
flores brancas, encarnadas,
estendidas roupas lavadas.
Caixotes de fruta ao longe alcanço,
e velhas a quadrilhar.
Caminhando pela ruela,
sob um céu cor de canela.
Pelo aspecto um tasco avisto,
que regozijo se me lá vejo,
pegar num copo e dar-lhe um beijo.
Fascina-me tanto esta ruela
e o que se encontra dentro dela.
Porém algo não está bem.
Fraqueza de onde provém?
Talvez da forte saudade,
e eu não aguente a realidade.
Caminhando pela ruela,
belo quadro a aguarela.
Sem ter pincel e sem ter tela,
não sei como lá vou vê-la,
nem que fosse à janela.
Aprenderei pois a pintar
e a sabê-la desenhar,
custe então o que custar.