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VENDER O CORPO
Vender o corpo
Ela apenas vende o seu corpo para viver,
E quem se serve dela sente apenas prazer,
Neste acto ela finge prazer para ganhar a vida,
Enganando mas sente – se vazia e perdida.
Começou a usar o seu corpo por necessidade,
E pelo dinheiro deu – lhe continuidade,
E agora vive bem a vida apenas materialmente,
Nada lhe falta e até já se sente gente.
Foi vivendo com esta sua nova actividade,
Mas no seu pensamento não sente vaidade,
Pois vende o corpo a quem não conhece,
Mas pelo dinheiro até a dignidade esquece.
Ela começa a sentir - se sem sentimentos,
E a pouco aparecem os arrependimentos,
Quer ser uma pessoa com um corpo só seu,
E não de qualquer outro a quem o vendeu.
Mas, o dinheiro e a vida que ela agora tem,
Sente – se sem falta de nada, vive bem,
A sua alma diz – lhe que a vida assim não tem sabor,
Quer ter direito a viver também com amor.
A sociedade aponta – lhe sempre o dedo,
Ela envergonha – se e começa a sentir medo,
De ficar com um estigma que ela não quer,
E agora começa a sentir vergonha de ser mulher.
Decidiu deixar de pôr à venda o seu ser,
Deixou a rua, o seu corpo não mais quis vender,
Com o dinheiro que ganhou começou a estudar,
Ganhou uma nova vida com a mudança do seu pensar.
Ganhou um amor verdadeiro, recuperou a dignidade,
Deixou se ser o que era e agarrou a sociedade,
Integrou – se na sociedade, não lhe aponta mais o dedo,
Tem o seu trabalho a sua família, recuperou o seu ledo.
Tavira, 27 de Dezembro de 2010 – Estêvão
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