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asas XL

Passava das 7h da manhã quando me deixaste, meio acordada, meio adormecida, meio entediada, no quarto pintado por mim. Os lençóis rasgados denunciavam loucura, mas nem te atreveste a tapar-me com os restos, pois tinhas medo que pensasse que te preocupavas. No entanto, deixaste-me o café quente em cima da mesa... Talvez para sentir a tua presença naquele pó feito de tempo, talvez para mais tarde me poderes atirar à cara que o medo vive em mim e não em ti, filho de um respirar de alívio.
Queria-me levantar, mas era surpreendida, a cada momento que passava, por imagens tuas, imagens que rompiam a minha necessidade de pensar racionalmente. Mas nada me impedia de manter a sanidade, pois tu não eras o meu ponto forte. Eras e és a luz trémula que me vai tentando guiar, mas que jamais significará amor. Não te peço mais, não te exijo menos. Apenas sinto o calor que abandonaste por entre poros e pele e silêncio e suspiros ofegantes de momentos vivos. Em nós. E isso controla a vontade que tenho de sair deste leito sujo de paixão de uma noite que correrá para um recanto escondido do teu pensamento. O café está a arrefecer.
Desci as escadas meias devoradas por pressas e azáfamas e rapidamente reparei no teu bilhete propositadamente esquecido no sofá. Quisera eu saber o sentido de tudo e do nada que me cruzava a mente naquele preciso e concreto instante. "És a minha recompensa por eu ser a tua...", dizia o guardanapo amachucado. Deliciei-me com tais palavras. Larguei-as no céu e parti, porque só assim conseguiria manter a distância que tão bem nos traçava.
O café estava gelado. Não o consegui tragar, pois não tinha o teu sabor. Não tinha o teu cheiro. Não tinha o teu toque sentido, apenas uma atitude egoísta e interesseira. Tantas as vezes que partilhámos a noite, e só hoje me fizeste café.

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quinta-feira, abril 17, 2008 - 21:08

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Re: asas XL

Texto bem escrito, boa interpretação das coisas!

:-)

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