CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Cruz D'espinhos

Espinheiro


Cruz d’Espinheiro.


Melros estridentes cruzam os bicos sobre pinheiros frondosos e cheiros fortes, instam os borrachos tardios ao voo; estes, dos nichos pendurados nos arbustos, dir-se-ia que protestam as censuras dos progenitores enquanto tudo mais cala em tarde de lua longa.

Findo o rumor perturbante do dia, reaparecem, mais sinceros os silêncios do lobo, encontrava-se preso num espinheiro que lhe perfurava a pele e perturbava o espírito, paralisava-o até aos mínimos movimentos que se esgotara de planear, os seus esforços ainda tinham enterrado mais profundamente os espinhos.

Deitou-se exausto na mais cómoda posição que conseguiu, o ocaso fitava-o na silhueta projectada pela cruz de espinhos. Saídos das sombras os esquivos morcegos fazem as primeiras aparições perseguindo vorazmente as presas, no desalinho do pelo do jovem lobo e nas feridas vivas, formigas e insectos insistiam em dilatar a dor e as feridas ensanguentadas.

Deixara a alcateia pela primeira vez, procurando caçar sozinho, as lições aprendidas com a mãe não incluíam a forma de se livrar de uma prisão feita com materiais naturais mas colocada ali intencionalmente por alguém que invejava os espíritos livres dos animais selvagens, os homens de Murmansk na longínqua Sibéria Ocidental supunham que a sua força e virilidade dependia directamente do número de lobos mortos e usavam-lhes as peles e caudas como troféus de adorno.

Enquanto os espinhos se afincavam em não dar tréguas, com uma teimosia exasperante, Os pirilampos servem de consolação ao triste lobo , que os vê ,lentamente, rodopiarem em seu redor e elevarem-se ,até se confundirem com a aparição das primeira constelações ,nos céus cada vez mais escuros mas em testemunhos silenciosos de milhões e milhões de estrelas.

Com os pirilampos partem também os últimos e lampejantes sinais dos espíritos selvagens e parte porém mais uma esperança dos homens em conviverem com o Planeta, que o Homem não pense que pode viver órfão da mãe natureza e do Pai Universo.

 

Jorge Santos

Submited by

quinta-feira, janeiro 13, 2011 - 12:02

Prosas :

Average: 5 (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 13 semanas 6 dias
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Geral Vivo do oficio das paixões 1 1.798 06/21/2021 - 15:44 Português
Ministério da Poesia/Geral Patchwork... 2 1.977 06/21/2021 - 15:44 Português
Poesia/Geral A síndrome de Savanah 1 2.482 06/21/2021 - 15:43 Português
Poesia/Geral A sucessão dos dias e a sede de voyeur ... 1 2.048 06/21/2021 - 15:42 Português
Poesia/Geral Daniel Faria, excerto “Do que era certo” 1 1.582 06/21/2021 - 15:41 Português
Poesia/Geral Objectos próximos, 1 2.569 06/21/2021 - 15:40 Português
Poesia/Geral Na minha terra não há terra, 1 1.586 06/21/2021 - 15:38 Português
Poesia/Geral Esquecer é ser esquecido 1 1.555 06/21/2021 - 15:37 Português
Poesia/Geral Perdida a humanidade em mim 1 910 06/21/2021 - 15:37 Português
Poesia/Geral Cumpro com rigor a derrota 1 974 06/21/2021 - 15:36 Português
Poesia/Geral Não passo de um sonho vago, alheio 2 985 06/21/2021 - 15:36 Português
Ministério da Poesia/Geral A sismologia nos símios 1 1.062 06/21/2021 - 15:35 Português
Ministério da Poesia/Geral Epistemologia dos Sismos 1 1.386 06/21/2021 - 15:34 Português
Ministério da Poesia/Geral Me perco em querer 1 1.383 06/21/2021 - 15:33 Português
Ministério da Poesia/Geral Por um ténue, pálido fio de tule 1 1.259 06/21/2021 - 15:33 Português
Ministério da Poesia/Geral Prefiro rosas púrpuras ... 1 868 06/21/2021 - 15:33 Português
Ministério da Poesia/Geral A simbologia dos cimos 1 1.257 06/21/2021 - 15:32 Português
Ministério da Poesia/Geral Pangeia e a deriva continental 1 2.271 06/21/2021 - 15:32 Português
Poesia/Geral Minh’alma é uma floresta 1 822 06/21/2021 - 15:31 Português
Poesia/Geral O lugar que não se vê ... 1 935 06/21/2021 - 15:31 Português
Poesia/Geral Meus sonhos são “de acordo” ao sonhado, 1 1.068 06/21/2021 - 15:31 Português
Poesia/Geral Apologia das coisas bizarras 1 964 06/21/2021 - 15:30 Português
Poesia/Geral Gostar de estar vivo, dói! 1 701 06/21/2021 - 15:30 Português
Ministério da Poesia/Geral Os Dias Nossos do Isolamento 1 1.369 06/21/2021 - 15:28 Português
Ministério da Poesia/Geral Permaneço mudo 1 1.183 06/21/2021 - 15:28 Português