Dia

Fecho os olhos, deixo os momentos virem até mim, como vagas de felicidade plantadas no meu íntimo. Vêm e voltam, viajo até aquele dia, o sol brilha intensamente enquanto o vento ainda frio percorre os vales e as montanhas ao meu redor. Sinto a tua presença perto de mim, embora o teu corpo ainda ande fora dos meus olhos. Ao longe a tua silhueta delineia-se no ar, agitando as moléculas de ar em todo o teu redor, criando uma espécie de aura que se propaga á tua volta, uma chama que se ilumina só para mim. Chegas, tocas-me. Saímos percorrendo ruas e ruelas e como a chuva vamos deixando um pouco de nós nelas. O dia teima em fugir e noite começa a abraçar o céu, sentamo-nos a ver o sol apagar-se atrás da colina num laranja rubro que só podia estar ali para nós. Em mim tudo quer dizer-te o que sinto, sinto o teu corpo tremer quando me aproximo mais, sinto a minha alma crescer quando te seguro perto. Olho nos teus olhos, como o mar olha a areia e como o mar, só quero entrar por eles a dentro e voltar a entrar. Em mim tudo mexe, tudo nasce e tudo cresce como um imenso furacão de calma que me faz querer dizer-te o que sinto e querer esperar para tornar aquele momento ainda mais especial. Dou por mim, sem pensar, só a sentir, saltam-me as palavras, esboço um amo-te dos meus lábios dito por tudo o que em mim vive, Tu sorris com todas as partes do teu corpo. Aí percebo que ainda existe perfeição.