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Diablo- Capitulo 2 ( Parte 2/3)

Porto Seguro - México- Algures na periferia da localidade ... 03H00 manhã


O grito lancinante do telefone ecoava por toda a pequena divisão apanhando um inspector Tucilla, a dormir profundamente, após várias noites sem dormir.
Com efeito, Tucilla, um Mexicano dos sete costados, como o mesmo se defenia, havia lutado contra várias noites de insónia provocadas por uma maldita cárie no molar, e agora que finalmente conseguira se dispôr de coragem para enfrentar o doutor Suarez e a sua horrivel broca, era despertado do sonho ideal.
Num grunhido interceptivel e com um modo mecânico, a mão do inspector alacançou a custo o aparelho que o despertara:
-Si?
-Inspector Tucilla? Daqui é Xavier Mendez , creio que temos uma situação!
Os olhos raiados de finos rios vermelhos, incidiram sobre o mostrador digital do pequeno despertador na mesa de cabeceira. Eram 03:05 da manhã:
-Por Dios, que passa ahora?
-Uma situação grave, ou melhor...duas!
-Como?
-Um incêndio num Bar.
-E depois? Não sou bombeiro!
-Correcto inspector, mas mesmo assim a Tenente Vega solicitou a sua presença.
Tucilla, esfregou desesperadamente a cara com a mão livre e tentando acordar respondeu:
-É bom que valha a pena, pois está a chover, que diabos!
Mendez não proferiu qualquer palavra, limitando-se a ouvir desligar a chamada e num modo cerimonioso pousou o auscultador no gancho e desapareceu para o exterior. Daria exactamente vinte minutos ao Inspector e aguardaria por ele á porta de casa, como sempre fez.
A viagem decorreu sem ponta de diálogo. Á pressa Tucilla tinha pegado na gabardine amarela que jurara a pés juntos quimar havia dois anos. Presente da sogra que como assombração, regressava sempre à sua mão em dias de chuva.
Mordiscando nervosamente o filtro de um cigarro, atirou por fim:
-O que tem de especial o incêndio no Bar?
-Corpos...Muitos corpos queimados. Cadáveres cozinhados.
-Raio de modo de colocares as coisas. Bom, e quanto ao outro incêndio?
-Esse foi no Refugio de Guadalupe...
Tucilla que brincava com o corpo cilindrico do cigarro hesitou por uns instantes, olhando de lado o seu imediato. Todos os anos a mulher de Tucilla, empenhava-se em angariar donativos para o orfanato. Por outro lado, ele conhecia Mendez muito bem e sabia que quando ele não falava muito sobre o acontecimento, era porque ele era grave:
-E que tem de especial este incêndio?
-Corpos e mais corpos....Carbonizados.
Como um soco no estômago o inspector disfarçou o esgar de repulsa a imaginar a cena e de subito, como que alertado para uma calamidade, desabafou:
-E sua Santidade chega ao México em quatro dias. Se houver crianças envolvidas...
-Sim. Há!
Furioso por não ter sido colocado a par na altura certa, TRucilla atirou a beata pela janela do carro policial e resmungou entre dentes:
-Dois incêndios em plena altura das chuvas! Loucos...Coisa de Loucos!
-Foi o que a Tenente Vega achou, tambem.
O inspector fechou momentaneamente os olhos e tentou recordar-se da ultima vez que a Tenente o resolvera chamar. Foi na altura da chacina do bando dos "Rojos Dragones", pelo bando rival. Um disparate de corpos atravessados por buracos de balas, num cenário citadino perfurado por pequenos buracos de balas de Kalashnikovs.
Agora que pensava nisso, ele chegara à conclusão que haviam passado exactamente sete anos desde essa altura. O ano de todas as decepções , como ele lhe chamara.
Não só não conseguira a promoção, como observara silenciosamente o seu casamento ruir e ainda no final foi forçado a atquivar o caso e esquecer-se do que havia presenciado e ouvido.
Quando a viatura policial parou,o mais silenciosamente que o piloto pudera, Tucilla saltou para o exterior e num modo apressado, tentando evitar achuva e o vento forte que caía abruptamente dirigiu-se para o Orfanato de Guadalupe.
Vega estava a poucos metros dele, de costas para o sitio onde se encontrava e como que se preparando para o pior, o inspector aguardou uns momentos em silêncio, antes de interromper com uma tosse seca e simulada:
-Ah inspector, ainda bem que pôde vir.
-Sabe que não resisto a um convite de uma jovem señorita.
-Sempre galante, inspector.
Por uns momentos os dois contemplaram-se liscretamente, pertencendo a Vega, quebrar o " encantamento":
-Aviso-te que isto é pesado.
-Eu fui informado pelo caminho. Parece que houve um incendiozito...
Vega encarou-o friamente e pousando a mão no ombro, certificando-se que tinha a atenção dele, repetiu:
-Olha, é mesmo pesado. Não é incendiozito! Não sabemos o que diabo se passou, mas nunca viste nada como isto.
Alarmado pela face séria de Vega, ele avançou obstinadamente até ao dormitório e numa posse profissional ajoelhou-se perto da primeira vitima, tentando absorver a maior informação visual que podia.
Parecia a ele que o cadáver ainda fumegava e no entanto, olhando cautelosamente em redor, nada via que o pudesse ter queimado com tal brutalidade:
-Completamente carbonizado! Mas, como...?
-Não fazemos ideia. Não foi só essa criança! Foram sete no total, incluindo o responsável pelo orfanato.
-Testemunhas?
-Nenhuma. Apenas alguns ouviram uns barulhos...
-Gritos?
-Não. Ninguem ouviu gritos.
-Curioso. Crianças morrem assime ninguem ouviu gritos?
-Inspector, esta foi uma noite de vento e tempestade.
-Mesmo assim.
-Pois, não sei ! Eh, Fernandez, que me disses?
O médico forense encolheu os ombros ao encarar os dois policiais e aproximando-se segredou:
-Nunca vi nada assim. Se fosse só um, poderia dar-se o caso de ter sido um episõdio de combustão interna. Mas isto não é possivel.
-Alguma chance de uma arma qualquer?
O médico forense engoliu em seco, e evitando o olhar do inspector confidenciou:
-Nenhuma arma conhecida, faria tamanho estrago!
O inspector regressou á posição inicial e contemplou uma vez mais o pequeno cadáver:
-Repare no peito inspector! Parece ter sofrido uma explosão interior. Repare que está aberto de dentro para fora.
-Sim. ste teve uma morte dura, pobre coitado
O médico tossiu ligeiramente e apresspu-se a esclarecer:
-Todos estão assim inspector.
-Queimados?
-Todas as vitimas têm o peito aberto de dentro para fora, mas pelo que pude perceber....
-Continue Doutor, o Inspector já é grandinho! - Ordenou Vega , como a dar coragem ao médico.
-Bom, numa primeira análise, das três que já analisei, nenhuma delas tem coração.
-Como assim?
-Desapareceu, como se tivesse rebentado, explodido.
Numa atitude de terror, o inspector levantou-se rápidamente, sempre encarando o médico:
-Isso é possivel?
-Nunca ouvi, vi ou li sobre tal feito!
-Dios mio, que isto tá complicado.
Vega tentou sorrir ligeiramente e sem perder tempo, voltou a pousar a palma da mão no ombro do inspector e calmamente advertiu:
- Agora espere para ver o Bar!
Desobedecendo á etica, que não aconselhava o fumo do cigarro num local de crime, o inspector agarrou nervosamente num novo cigarro e encarando a senhora morena,sentenciou:
-Mas porque nunca me chama para jantar?
-Porque iria morrer de tédio!
Ignorando o riso cínico da Tenente, o inspector dirigiu-se para as restantes divisões a fim de colher as mais diversas imagens visuais, com vista a reconstruir o quadro Dantesco que se lhe deparava.
 

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quinta-feira, fevereiro 24, 2011 - 11:24

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