Dicionário de bordo

“Chamar o táxi, descer as escadas, entrar no carro, destino aeroporto, pegar o avião.” Engraçado, quando penso ouço minha voz, imagino a pontuação e a ortografia das palavras nas frases. Por que será que elas não vêm assim diretamente para o papel? Por que escrever é tão difícil se há a capacidade de criar palavras?
Atenção senhores passageiros...- “É o meu voo!”- o subconsciente informa a saída do vôo vocabular com destino à mente humana, embarque imediato: cérebro.
Prepare-se para uma viagem deslumbrante!
No avião, o subconsciente, há muitas palavras, seus passageiros, e uma rota, a seqüência lógica nas posições das palavras. Na primeira viagem, o avião leva seus passageiros organizados perfeitamente para terem uma excelente viagem. Todo ser humano possui na vida uma viagem semelhante quanto a linguagem. Na viagem, há momentos alegres e desafios, para isso existe em todo o vôo, a caixa preta. Neste caso, a caixa preta é o significado final da frase.
Ao começar o voo, o avião se prepara para receber os passageiros. Há acentos para todos. O avião é grande e tem lugar para todo mundo, dada a primeira arrancada não tem mais como voltar atrás. Ao iniciar um voo, inspiração no subconsciente, a caixa preta é acionada. Ela contém um dispositivo de armazenamento de tudo que ocorre no avião, assim, a caixa preta humana recolhe as palavras ao longo da rota, com uma seqüência de lógica e, então, produz o significado real. A palavra pensada.
O voo da escrita não é fácil. Há muitos aviões e passageiros, mas há também, rotas indecisas, frágeis e inexistentes. Nem toda caixa preta resulta em significados. Voar sempre foi um desafio assim como escrever. É preciso localizar com radares a rota do avião. É preciso caçar passageiros para um voo existir, assim como um texto sem palavras não existe. O avião é falho e o subconsciente também. Nesse manto gosmento de vácuos há palavras soltas. E no avião, passageiros em pé, mas podem se sentar e as palavras assumir sua posição no avião, assim, a rota estará definida.
Ninguém ensina o avião a voar este é conduzido pelas torres de controle, assim como ninguém ensina ninguém a pensar, apenas o faz a partir de estímulos. Toda viagem do subconsciente é voluntária, mas a trajetória da viagem quem define é o piloto, o autor do voo da criação.
Nada é fácil, escrever também não. Mas não é impossível, requer paciência, determinação e coragem, assim como uma viagem de avião. Há desafios? Sim! O de deixar as palavras irem sem rastros. Turbulência aérea.
Diante de um tema, começa a viagem, rotas difíceis, tempos difíceis. Sem coragem de prosseguir, os passageiros somem, deliberadamente. Começa a turbulência. Descontrolado, o avião cai nas profundezas indivisíveis e incomunicáveis da ignorância.
Insights turbulentos, ricos e fugitivos.