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Encontro
Encontro
Segue apressada, aliás como sempre. Contudo não se alheia. Habituada que está a supervisionar com os olhos, estes já se se acostumaram a movimentos discretos mas irrequietos.
Detém-se em alguém que parece cambaleante, apenas à distância. Mais perto, apercebe-se de alguém que caminha com passos bem marcantes, parecendo querer agarrar-se a um chão, ao chão que pisa naquele momento. Por instantes, pergunta-se "terá outro?"
Que mania tem: parece curiosidade, mas não; há coisas que a emocionam, naquele sentido de apreender o que está por detrás de um gesto, de um sorriso, de uma frase, de uma imagem...a evocação é um estado tão latente naquele corpo que alberga uma mente inquieta, que quase sente uma dor continuada, fina, a precisar, talvez, de cuidados continuados!!!
- Olá, já não me conhece?
Cumprimentam-se de beijinho...
- A tua cara é-me familiar, esses olhinhos...Mas...Desculpa, vocês crescem...
- Não se preocupe...Sou a ...
- Como pude não te reconhecer logo, imperdoável...Estás linda, bem, já eras... Conta, o que tens feito?
Sorriu...Um baque, não soube porquê...
- Bem, coisas boas e outras menos boas...Um dia, falarei consigo, tenho-a tão presente na minha memória de criança...
- Claro, será um prazer...
Despediu-se, rapidamente "tenho hora marcada", acrescentou...
Não precisou de olhar para onde se dirigia. O local, a direcção que tomou, deu razão ao baque que sentira. Como é possível, como foi possível... Ficou estonteante de tantas perguntas retóricas e culpas sociais.
Seguiu caminho, agora cambaleando por um atordoamento real...Afinal era o seu território e, se calhar, não fizera tudo o que devia ter feito...
Cresceu em determinação: será ainda mais contundente, não perdoará a quem adie o futuro de quem quer que seja...
Não sorriu. O semblante carregou-se e a raiva tomou-a por inteiro...
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