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Entre a Realdade e a Ficção, Uma visão
As nuvens roçam ao de leve as águas calmas do rio, o sol povoa o negro alcatrão e as cores que pintam a cidade de um tom claro dourado acordam a folhagem seca no chão. Esvoaça agora sem rumo certo, cai nas valetas e desaparece nas águas lamacentas que escorrem pelas calçadas.
O movimento toma de assalto a cidade, acumula-se de odores, os carros deixam um rasto contínuo no alcatrão…
Rostos condensados ignoram as cores do Outono, lançam-se no rebuliço da cidade e os barcos que deslizam no seu leito cor do céu, acordam o rio adormecido.
Um dia com imagens nítidas em que acordo com o rosto colado no chão, inerte o meu corpo desfalecido no asfalfo.
Os meus olhos abrem-se a par de um sol que já não é verão.
Fixam-se na frescura matinal e encontram-se nos sonhos acabados de nascer.
Uma grandeza que está para além das minhas limitações.
Não me sei, não me sinto.
Um corpo sem corpo dirige-se a uma outra realidade, adormece por momentos no vazio inexistente.
Um vácuo que permite a passagem a outra dimensão, suspender um momento num presente inacabado.
Serenar nestas situações será a melhor opção, embora saiba que a complexidade que me transporta para novas realidades é uma euforia vivida sem a consciência plena de mim.
Nos sonhos enquanto dormimos, viajamos por diversos locais, o nosso corpo está bem protegido; não sofre, não sente, não dói….
Uma manhã solarenga de Outono
As folhas das árvores amarelecidas voam rasantes ao alcatrão, acumulam-se junto ás valetas e serão levadas pelas enxurradas do Inverno a acordar o leito de águas calmas do rio.
Inicio um novo ciclo com um colorido dourado, o céu matizado das novas cores do Inverno…
Encontros fantásticos nas manhãs frias de uma cidade que dorme junto ao cais.
Dolores Marques
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