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O Escuro

Escuro. Nada alcança os meus olhos cansados; fechados. A rima que um dia foi tão perfeita, perdeu-se entre palavras mortas, inconstantes e feridas. Ausculto a minha própria respiração doente; o silêncio abraça-me, frio e austero; ouço o vazio ofegante e penso. Perco-me em meios nadas, lembro e esqueço; vejo e apago.

Quisera eu ser os dias que preenchem o teu ser; quisera ser eu as noites cálidas que anseias; quisera eu ser-te: muito. Tudo. Como foste para mim: essa frescura apaziguadora de um momento terno; o muro inabalável, protector, causador de vendavais e terramotos emocionais, aquele herói mascarado que cruza mares e oceanos à velocidade de um simples sinal. Na verdade ainda o és. E serás.

Escuro, o coração; escondido por milhares de contra-sensos, de mundos idílicos, de sentimentos proibidos, de tempos derrotados e em pranto. O tempo como eu o queria controlar, ser-lhe dona e senhora; ordenar-lhe alongar-se pela eternidade quando meigos nossos olhos comunicam no segredo de quem, juntos, viveu várias vidas. No entanto, o tempo corre nervoso e apressado; os segundos não se transformam em horas mas, em recordações, em comprimidos de vida que viciam e, depois, acabam. Resta o escuro. Sempre. O afogar de tudo, o mudar da corrente, o afastar da felicidade, o terminar de mim, a saudade de ti.

Ainda é escuro, ainda sonho com cavalos brancos e príncipes encantados. É tão fácil sorrir quando nos recordo - despenteados e felizes - inertes e hipnotizados pelo belo futuro que o vento nos confidenciou. É tão fácil chorar quando nos vejo: em todos os pôr do sol, em todas as bandas sonoras do que um dia foi o nosso amor. Quem me dera que me viesses buscar de novo; resgatar-me e levar-me para fora do mundo, onde só o tu e eu pudesse existir. Na realidade, continua tudo escuro. Sim. Para que me servem os olhos se toda a beleza que enxergava era contigo? Eras os meus olhos, eras o meu coração, o meu corpo e agora nada tenho. Apenas o escuro. E um sonho.

Cativa, permaneço no barco; forte como me ensinaste; lutadora como me fiz. Mudei e avancei: vi a luz. A bússola determinou o rumo da viagem e afastei-me sem hipótese de regresso: ao fundo de mim, apartada de ti. Tenho medo, não sei nadar só. Sem colete de salvação.

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quarta-feira, dezembro 21, 2011 - 04:45

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susanac57

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