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O IMPRESSIONISTA

  Suas roupas carregavam uma mistura de cores como que parte integrante de uma obra maior. Seus trejeitos - o prêmio pelo contato direto e ininterrupto com a química das tintas utilizadas - emprestavam-lhe um ar teatral. Na estranheza de seus movimentos, nos cacoetes, no ritmo de sua respiração. Difícil era adivinhar sua profissão. Não raro, quando respondia a derradeira pergunta, o espanto era visível. "Pintor?"

     Essa era sua vida. Desde muito cedo rabiscava as calçadas em frente a sua casa com um pedaço de carvão. Depois, ao frequentar a escola pública, seus primeiros traços com o uso de um toco de lápis voltaram as atenções do professores para sua pessoa e seu inegável talento.

     O primeiro passo para o profissionalismo surgiu numa exposição, organizada pela escola aonde estudava. Seu pequeno quadro foi vendido para a matriarca de uma das famílias mais ricas de toda a Itália. A partir daí sua vida mudou. Seus estudos foram financiados; seu atelier, montado. O jovem artista recebia elogios por suas obras.

     Numa tarde recebeu uma estranha visita: um homem com feições árabes entrou em seu atelier e lhe deixou um saco com muitas moedas de ouro. Disse querer um retrato de sua esposa. Mas, com uma condição: o artista deveria apressar-se pois o quadro deveria estar pronto dentro de um prazo de uma semana.

     Pôs-se a rua seguindo o caminho indicado pelo estranho até chegar num castelo. Lá, devidamente escoltado pelos serviçais, chegou ao quarto aonde a esposa do contratante agonizava. Ao vê-la, seu coração disparou pois nunca havia visto antes uma mulher tão bela como aquela. Tentando ignorar suas emoções e concentrando-se em seu trabalho, montou o cavalete, sentou-se em um banquinho e iniciou o desenho. A cada novo traço fazia uma promessa para si mesmo: "farei desta a minha melhor pintura!", similar a que havia dito ao esposo entristecido, algumas horas antes, em seu atelier.

     Só que, a cada pincelada, a cada adição de tinta na tela, a cada forma produzida, notou que a mulher parecia revigorar-se. Assim, perplexo com o que via e duvidando do momento, continuou o quadro num ritmo tão frenético que, perto do alvorecer do outro dia, já tinha terminado a obra.

     Foi encontrado adormecido, escorado numa pequena mesa e ainda sentado no banquinho. O homem o despertou. Ele, ainda que atordoado sentia como seu todos os seus ossos estavam quebrados e seus músculos moídos. Uma dor de cabeça quase que insuportável dominava o seu ser.Nisto, voltou seus olhos para o quadro. Lá estava sua obra prima! A dona retratada deitada em sua cama, com um doce sorriso nos lábios.

     O esposo, ao contemplar a magnífica obra, não conteve a emoção e começou a chorar. Todos os serviçais aproximaram-se e ficaram maravilhados com tamanha precisão. Sem dúvida, ele era o melhor e o maior pintor de toda a Europa.

    Então, o homem dirigiu-se ao impressionista: " - Além do pagamento combinado, lhe darei um castelo e terras e uma pensão vitalícia! Nunca conheci alguém com tamanho talento! És um gênio!". O pintor agradeceu. Recolheu suas coisas e, quando já estava de partida, o contratante lhe fez outra pergunta: "- Mestre! Responda-me:  como conseguiste levar a efeito tão magnífica obra somente a partir das minhas memórias?"

     Então, o imenso salão de entrada do castelo foi tomado pelo ruído dos apetrechos do pintor caindo ao chão e depois, o ruído abafado, o som de um corpo que desabava em desmaio.

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quinta-feira, julho 3, 2014 - 15:15

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Daniel Kobra

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