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A Flor Azul

Em um reino bem próximo,
Mais próximo do que se imagina,
Havia uma triste garota
Que passava os dias em seu quarto a chorar.

Ela era uma princesa
Que todos diziam mimada
Apenas porque não entendiam
Os motivos de seu lamentar.

O rei então instituiu um decreto:
Haveria uma festa na corte
Onde todos poderiam se apresentar,
Mostrando ao público o seu mais incrível talento.

Espalharam cartazes por toda a cidade,
Nos quais ofereciam moedas de ouro
Para quem conseguisse um sorriso de alegria
Dos magoados lábios da pequena princesa.

Enquanto isso, em seus aposentos,
A princesa fazia desenhos de si mesma,
Sozinha e lamuriante nas paredes do seu quarto,
Seja consigo, seja com os outros.

O rei e a rainha já haviam tentado de tudo:
Vestidos, festas, pôneis e brinquedos,
Companheiras e professores,
Castigo e repreensão.

Ao saber da tão anunciada festa,
A princesa apenas sorriu,
Languidamente,
Como quem já não tem mais qualquer esperança.

Enfim, a tão aguardada noite chegou!
O rei e a rainha pareciam contentes,
Orgulhosos do que fizeram,
Enquanto buscavam os perdidos olhos da princesa.

Estes quase nunca se erguiam,
Como se o mundo não valesse a pena,
Como se o brilho da luz os ferissem,
Como se o constante burburinho os tornassem mais sós.

O primeiro a se apresentar foi um malabarista
Que lançava ao ar inúmeros pinos incandescentes,
Um que ele não pegou pôs fogo em sua roupa,
E ele, assustado, ficou a se debater no chão.

A corte inteira caiu na gargalhada,
Dizendo que no fundo ele era um palhaço,
Mas a princesa apenas olhou de soslaio
O triste e vergonhoso desespero do homem.

O segundo trouxe um burro
Que ele afirmava saber dizer o nome do rei,
Quando ele apertou o rabo do burro
Este relinchou um barulho incompreensível.

O homem, enfurecido,
Apertou-lhe mais fortemente o rabo,
No que se sucedeu um profundo silêncio,
Enquanto o homem, sob vaias, se explicava ao rei.

Por via das dúvidas,
O rei deu pelo burro uma moeda de ouro,
Pois seria uma boa para mostrar às visitas
Um burro que sabia dizer o seu nome.

Veio depois um grande estilista,
Que vinha oferecer à princesa
Um longo vestido ornado de pedras preciosas,
Que reluziam a cada raio de luz.

Mas a princesa apenas bocejava,
Diferentemente de sua mãe,
Que caminhou até ao estilista
Dando-lhe algumas moedas pelo belo vestido.

E assim se sucedeu
Com inúmeros outros participantes,
Cada qual trazendo o que sabia
Para exibir diante dos olhos da princesa.

No final da festa, todos haviam se divertido,
Menos a princesa, que apenas olhava para o chão;
O rei e a rainha balançavam a cabeça
Como se sua filha fosse mesmo um caso perdido.

A noite foi sombria e tenebrosa,
Repleta de chuva e trovões;
Com a cabeça enterrada em seu travesseiro
A princesa escondia suas lágrimas.

Nas profundezas da madrugada,
Batidas soaram no portão do castelo,
Era um misterioso andarilho,
Cabelos soltos sob um encharcado capuz.

Deram-lhe um prato de sopa,
Frio e de anteontem,
Que o cansado viajante
Tomou sozinho em um estábulo abandonado.

Trouxeram apenas uma única vela,
Com a qual ele podia enxergar
Por entre a densa escuridão
Que a tudo rodeava.

E assim alimentou-se em silêncio,
Após esquentar a porcelana do prato
Com o tímido fogo da vela,
Pacientemente posto embaixo da sopa.

Fitando o tenebroso céu
Que rangia e chorava,
Percebeu uma lânguida chama
A acenar na janela de um longínquo quarto.

E então, após terminar a refeição,
Verteu um brilhante líquido
Nas grossas e cinzas paredes
Que circundavam o castelo.

As duras rochas amoleceram
Tornando-se meio aquosas, meio pastosas;
O misterioso encapuzado atravessou-as
E se encaminhou lentamente para cima.

Lá onde estava o quarto,
Clareado apenas por uma única chamazinha,
Estava a melancólica e abatida princesa,
Que dormia cansada de tanto chorar e penar.

O viajante, que trazia a luz frouxa de sua vela,
Deparou-se com todos os desenhos,
Tristes e solitários, que a princesa
Fizera nas paredes de seu quarto.

Contemplou-os com atenção,
Lançando vez ou outra
Olhares demorados
À princesa adormecida.

Então, pegando uma brilhante substância
De uma rota e gasta sacola,
Dirigiu-se para as paredes
Tão impregnadas do coração da princesa.

E, concluído o trabalho,
Acomodou sua vela ao lado da dela,
Na janela que outrora havia visto;
Despediu-se com um afago e se foi.

No dia seguinte, a triste princesa despertou
Com os raios brancos de luz
Que inundavam-na o ser,
Atravessando os tecidos de sua cama.

E quando observou os desenhos na parede,
Perplexa percebeu que não estava mais sozinha,
Pois em cada desenho ela tinha em mãos
Uma pequena e delicada flor azul.

Tal gesto, tão singelo, tão puro,
Tocou-lhe profundamente o coração,
E com as mãos sobre o peito
Chorou de alegria e felicidade.

Perguntava-se como um simples desenho
Podia fazer por ela
O que nenhum talento ou riqueza
Já havia feito ou revelado.

Desceu correndo as escadas,
Extasiada de emoção e agradecimento,
E quis saber de todos
Quem teria feito tal milagre.

Porém ninguém sabia coisa alguma;
Somente a cozinheira do castelo,
Mulher velhinha e bondosa,
Sabia do estranho visitante.

Pois fora ela que havia dado a ele
Um prato de sopa e uma vela,
Quando tinha a rígida ordem
De mandar embora qualquer um.

E por isso ela ganhara uma delicada flor azul
Que, seguindo o pedido de seu coração,
Manteve no quarto da pequena princesa,
Regando-a sempre entre as duas velas acesas.

A princesa nunca encontrou o mágico encapuzado,
Apesar das buscas dos soldados
E das promessas de riquezas e festas
Dos seus agradecidos pais.

Contudo, a princesa cresceu
Tornando-se uma bela mulher,
E criou uma grande ala no castelo
Apenas para receber os visitantes...

Que surgissem em busca de alimento e de abrigo,
Desejosos de partilhar histórias e lendas,
Relatos e enigmas,
Além de presentes que poucos conheciam.

E sempre quando surgia alguém,
Necessitando de cama e comida,
A própria princesa descia de seus aposentos,
Tendo nas mãos a vela e a flor azul.

Fitava carinhosamente a todos os viajantes,
Como se dividisse com cada um
A graça que agora sentia
E a gratidão que tinha pelo seu oculto benfeitor.

Por toda a sua vida ajudou, alimentou e abrigou
A diversas pessoas, viajantes ou não,
Sempre acalentando o doce desejo
De que entre estes estivesse aquela pessoa.

E enquanto conversava com cada um,
E assistia à felicidade deles
Quando ganhavam uma casinha para viver,
Imaginava em seu coração o seu anjo-da-guarda.

A boa cozinheira tornou-se sua madrinha,
Confidente e amiga bonachona;
A rainha aproximou-se pouco a pouco,
E o rei também, cansado de seu burro falante.

E a princesa, com o seu puro desejo,
Sempre procurou pintar uma flor azul
No coração de todas as pessoas
Que vinham bater nas portas de seu mágico castelo.

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sexta-feira, dezembro 4, 2009 - 20:14

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