Só tu

Só com ele atinjo o inatingível
Ouço a sua melodia,
mergulhada num excêntrico silêncio
e aqueço-me na sua essência imperceptível
ao toque humano da fantasia
Nele encontro o meu aconchego,
o meu refúgio na futilidade temporal
e vou com ele para onde sopra o vento,
vivo em constante alegria e desassossego
Só com ele sinto
a insensível dor do não sentir
e viajo sob os comandos do pensamento
porque no êxtase do momento
solta-se em mim e deixa-se fugir
E os meus sentimentos superficiais mais profundos,
esses ficam para depois,
estreados numa cumplicidade partilhada a dois
onde se atravessam montanhas, mares e mundos
na incessante busca de um ocultismo atroz
E ele desamarra-me das amarras do presente,
descompromete-me dos compromissos futuros,
desperta em mim os desejos mais impuros
de uma forma triunfante e eloquente
Porque é ele que me faz perder o medo medonho
É ele… o sonho!