Soneto bandido

Estou presa nessas grades com portas abertas
E não consigo fugir, minhas algemas de vento
Trancam meus pulsos sem deixar-me partir.
Quero você ao meu lado tirando de mim, as forças.

Você suga minha alma como terra seca a água
E eu, meu anestésico, meu remédio, meu você.
Você me enlaça nesse amor bandido e
Dá-me restos de comida velha e gelada.

O saboreio com paladar de um faminto afável
Que aceita contente feito tolo que vive por instinto.
Você me enleou na sua jaula de cobalto aberta.

Eu? Guardiã fiel de sua suja migalha demais valiosa
Preservo-a em caixa de ouro como quasares terrenos.
Onde você escondeu os restos mortais dessas migalhas?

Kath França