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Leitmotiv

És capaz de ouvir o rosnar da manhã rouca
Sangrando orvalho,
Cortando com minúsculas gotículas macias
Sua nuca esguelha?

Negas até a alma
Com total desdém
O zumzum contorcido gélido
Toque de dedos emplumando mãos
Que navegam um fino e escaldante rocio!?

Entorpecido olhar entorpecido

Querias um outro verso talvez
Talvez
Um outro verso astuto querias,
Mas não some seus quereres
Nem alimente agonias
Como pombas famintas nas praças rotas
Tentando agradar com voos doces
As migalhas dum pão envelhecido.

Agarraste com força àquela página
E a mesma enforcou-te gentilmente.
Percebes olhos esbugalhados?
Disseram água e sal

Uma palavra apenas,
Apenas uma palavra
E cai no esquife rumo à sepultura.
Arrancas letras
Rufião maldito
Maldito rufião de inocentes e virgens poesias
De latejo forte
Látegos que sangram
E ferem o mais simples
Cérebro apertado ao crânio
Em busca
À cata
Duma combustão chamada metáfora.

Tudo se desmaia e se mata
Quando a nota da obra farfalha
No beira-abismo do penhasco com arfar de risco.

Os pés riscam o desequilíbrio
Os braços abraçam ares modelados
Que empurram empurram
E às vezes puxam.
Uma cena uma visão teatral do perigo:
Pedregulhos caindo como letras
Saindo duma caneta esfomeada
Fugidia de dedos esgoelados por unhas.

Assim cresce
Assim vive
Como noutra inspiração aquiescida
A uma nova caminhada,
Aduz o somente motivo condutor.
Sabes o quão arriscado é assassinar as lascivas coisas tais?
Pernas contra pernas
Uma após outra.
Inimigas que se sustentam
Na inimizade do movimento e do passo
Amores de inimigas que se amam
Até um novo entoar
Da modéstia embebida em linhas
Nem um pouco retas.

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quarta-feira, agosto 5, 2009 - 15:30

Poesia :

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Alcantra

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