Uma certa e razoável sujidade do amor
No encanto das coisas há implicito uma certa sujidade, uma certa sujidade da vida, uma certa e rázoavel sujidade do amor. O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos. Há no trabalho da reprodução da natureza uma sujidade legitima. O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. O encanto dos homens e das ruas, o encanto dos olhos e o encanto do coração é haver uma certa sujidade dos costumes. A imoralidade das palavras, a navegação dos dias, a ausência do tempo na suja ocupação da inutilidade dos poetas. A inutilidade de tudo é o sentido para não se invadir, para não se violar a tranquilidade dos pássaros e das árvores e das nuvens que passam no céu e que passam na admiração dos peixes e que estão no despertar e no adormecer. O encanto das coisas é elas terem a morte. A morte é a vida a sujar-se e o nosso renascer é um grito sujo, tão sujo como um rufar de tambores, tão sujo como uma paixão selvagem, um modo sujo de andar de crescer. O encanto das coisas não é elas terem fogo ou elas terem água. Não é o encanto das coisas haver solidão nas casas e cinza nos borralhos para santificar a agilidade dos gatos. O encanto das coisas é a contradição entre as mãos e os pensamentos. Na cinza do borralho a agilidade dos pensamentos. O encanto sujo das coisas é elas perderem o sentido de rumo absoluto. O sujo encanto das coisas é haver quem derrube muros, quem derrube leis. O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza. lobo 05
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2132 reads
Add comment
other contents of lobo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Intrigas | 0 | 2.718 | 04/09/2013 - 16:59 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Não vai fazer frio | 0 | 1.557 | 04/09/2013 - 16:34 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Faz um doce | 0 | 2.260 | 04/09/2013 - 16:32 | Portuguese | |
Poesia/Amor | O amor não é isso | 1 | 1.753 | 04/09/2013 - 15:23 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Eu espero | 0 | 2.006 | 02/15/2013 - 11:38 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | fé | 0 | 2.232 | 01/28/2013 - 16:45 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Escandalizado os meus olhos | 0 | 2.012 | 01/16/2013 - 20:44 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Muda o passo | 0 | 1.762 | 12/25/2012 - 22:02 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Somos os pobres actores | 0 | 1.963 | 12/25/2012 - 19:43 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Agora falta uma verdadeira vida | 1 | 2.877 | 11/30/2012 - 16:40 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | A chuva que cai desacerta o relógio | 0 | 2.129 | 10/09/2012 - 19:38 | Portuguese | |
Poesia/General | Alguém tirou de dentro dos olhos a paisagem e | 0 | 1.446 | 08/08/2012 - 16:36 | Portuguese | |
Poesia/General | Quando o caminho se abre | 0 | 1.745 | 07/16/2012 - 02:09 | Portuguese | |
Poesia/Archivo de textos | Os loucos | 0 | 1.652 | 07/11/2012 - 11:40 | Portuguese | |
Poesia/Archivo de textos | Há quem escute as vozes dos mortos | 0 | 1.321 | 07/03/2012 - 15:28 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | Como se pode sentir | 0 | 1.754 | 06/23/2012 - 02:43 | Portuguese | |
Poesia/Pensamientos | Fazer o lado contrário | 3 | 2.499 | 06/20/2012 - 21:26 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Quem for por esse lugar | 0 | 2.128 | 06/13/2012 - 16:54 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | As canções são frias | 0 | 3.242 | 06/06/2012 - 21:30 | Portuguese | |
Poesia/Intervención | O coelho se candidatou | 1 | 1.614 | 06/06/2012 - 08:18 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Agora eu pratico | 0 | 2.050 | 06/03/2012 - 16:10 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A força que temos | 0 | 1.658 | 05/26/2012 - 18:26 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Se eu aprender a voar | 1 | 2.087 | 05/24/2012 - 03:22 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | A rua está deserta | 1 | 1.878 | 05/24/2012 - 03:20 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | corre até ao fim do filme | 1 | 2.629 | 05/21/2012 - 23:05 | Portuguese |
Comentarios
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza.
Sem réstia de dúvida!!!
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
Gostei.
Na verdade "O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. ...
O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos."
Talvez seja esse o encanto da tua escrita.
Abraço