Uma certa e razoável sujidade do amor
No encanto das coisas há implicito uma certa sujidade, uma certa sujidade da vida, uma certa e rázoavel sujidade do amor. O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos. Há no trabalho da reprodução da natureza uma sujidade legitima. O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. O encanto dos homens e das ruas, o encanto dos olhos e o encanto do coração é haver uma certa sujidade dos costumes. A imoralidade das palavras, a navegação dos dias, a ausência do tempo na suja ocupação da inutilidade dos poetas. A inutilidade de tudo é o sentido para não se invadir, para não se violar a tranquilidade dos pássaros e das árvores e das nuvens que passam no céu e que passam na admiração dos peixes e que estão no despertar e no adormecer. O encanto das coisas é elas terem a morte. A morte é a vida a sujar-se e o nosso renascer é um grito sujo, tão sujo como um rufar de tambores, tão sujo como uma paixão selvagem, um modo sujo de andar de crescer. O encanto das coisas não é elas terem fogo ou elas terem água. Não é o encanto das coisas haver solidão nas casas e cinza nos borralhos para santificar a agilidade dos gatos. O encanto das coisas é a contradição entre as mãos e os pensamentos. Na cinza do borralho a agilidade dos pensamentos. O encanto sujo das coisas é elas perderem o sentido de rumo absoluto. O sujo encanto das coisas é haver quem derrube muros, quem derrube leis. O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza. lobo 05
Submited by
Poesia :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 2107 reads
Add comment
other contents of lobo
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Tristeza | Nos teus olhos os barcos | 2 | 2.118 | 08/21/2009 - 12:51 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | {Empty title} | 0 | 2.024 | 08/15/2009 - 17:09 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Chuva nos sapatos | 1 | 2.051 | 08/14/2009 - 14:44 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Chegas ao fim da rua | 1 | 2.387 | 08/10/2009 - 13:57 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Não sabes do tempo longo | 2 | 1.855 | 07/31/2009 - 23:08 | Portuguese | |
Poesia/Canción | E menos que isso é mistério | 3 | 1.868 | 07/27/2009 - 11:26 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Vi nos olhos | 5 | 2.575 | 07/19/2009 - 22:53 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Se eu pudesse voar | 3 | 1.918 | 07/19/2009 - 17:46 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Trazia os olhos negros | 1 | 3.467 | 07/19/2009 - 15:14 | Portuguese | |
Prosas/Otros | At'e o meu ser deixar de existir | 0 | 2.640 | 07/15/2009 - 21:42 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Não é o real Madrid uma igreja universal | 1 | 2.400 | 07/13/2009 - 17:47 | Portuguese | |
Prosas/Contos | O mar mete o focinho dentro do teu corpo | 1 | 2.279 | 07/12/2009 - 23:36 | Portuguese | |
Prosas/Fábula | Sou uma árvore em turismo | 1 | 2.020 | 07/12/2009 - 23:29 | Portuguese | |
Poesia/Dedicada | Longe fica o vento | 2 | 1.360 | 07/12/2009 - 22:29 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Tu estas pisando a linha giz | 2 | 3.235 | 07/10/2009 - 14:42 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Um rugido doido a levantar-te a pele... | 1 | 2.150 | 07/09/2009 - 00:44 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | o grito a sair do corpo | 1 | 2.635 | 07/07/2009 - 22:14 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Porque não lês os olhos que se abrem á tua volta | 1 | 2.152 | 07/07/2009 - 12:21 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Um mar para a revolta | 1 | 2.801 | 07/04/2009 - 00:25 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | Não tens tempo para a poesia | 1 | 1.784 | 07/02/2009 - 22:53 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Os cavalos amarrotam o papel | 1 | 2.000 | 07/02/2009 - 16:11 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | bicicletas que andam sobre a água | 0 | 2.271 | 07/01/2009 - 02:50 | Portuguese | |
Prosas/Otros | São seres invisíveis que nos tocam | 1 | 2.115 | 06/30/2009 - 14:34 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Tudo o que o relógio da vida pode representar | 0 | 2.828 | 06/29/2009 - 18:23 | Portuguese | |
Prosas/Otros | Chegamos ao deserto | 0 | 1.929 | 06/27/2009 - 14:13 | Portuguese |
Comentarios
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
O encanto das coisas é a profunda liberdade dos seres, sujar é o modo limpo de perder o medo de se tocar a natureza.
Sem réstia de dúvida!!!
Re: Uma certa e razoável sujidade do amor
Gostei.
Na verdade "O encanto das coisas é elas terem um misto de podre e de fresco. ...
O encanto das coisas é elas não estarem submetidas a pactos."
Talvez seja esse o encanto da tua escrita.
Abraço